As mudanças seriam um adiamento menor no aumento dos servidores públicos, prazo de dois anos e não de quatro para a vigência da CPMF, e poupar o Sistema S; enquanto isso, o Congresso e outros grupos rejeitam totalmente o novo imposto do cheque e Lula e o PT pressionam Dilma para mudar a política econômica; programa de Joaquim Levy está em risco
- Advertisement -
Diante das dificuldades para aprovar o pacote de R$ 66 bilhões com que pretende garantir um superávit primário de 0,7% do PIB em 2016, a presidente Dilma Rousseff admite reduzir os cortes de despesas incluído nas medidas saneadoras. A informações está na manchete de “O Estado de S. Paulo” de hoje e vai ainda mais na contramão do que pretendia o ministro da Fazenda Joaquim Levy para evitar o rebaixamento da nota do Brasil pelas duas outras agências de classificação de risco que ainda não tomaram a iniciativa de rever a classificação brasileira de bom pagador.
De acordo com o jornal, a presidente mandaria rever o adiamento do reajuste – de janeiro para agosto, com ganho fiscal de R$ 7 bilhões – dos salários do funcionalismo público no ano que vem e retiraria menos verba do Sistema S (responsável por verbas para Senai, Sesc), administrado por entidades empresariais. A presidente reduziria ainda o prazo de vigência da CPMF de quatro para dois anos.
A questão que se põe é como compensar a perda desses recursos, principalmente porque no Congresso as resistências estão na outra ponta – a recriação da CPMF, com uma contribuição prevista de R$ 32 bilhões, pouco menos da metade de todo o ajuste, e a obrigatoriedade de os parlamentares destinarem suas emendas para projetos de saúde e de moradia popular, contribuição de cerca de R$ 7 bi para o acerto da contabilidade 2016. Quanto à diminuição do prazo do imposto do cheque, o ministro Levy foi enfático na entrevista de segunda-feira: é preciso um horizonte mais longo para a fixação do ajuste fiscal.
Conforme cálculos apresentados pelo “Estadão” somente os recuos admitidos pela presidente se efetivados representarão uma diminuição em até R$ 14,6 bilhões na meta final de cortes e comprometerão R$ 6 bi dos R$ 45,6 bi previstos para aumentar receitas.
O fato é que, pelo que se viu desde que o pacote foi mais bem analisado, em suas conseqüências políticas e sociais principalmente, que dificilmente ele ficará de pé. Até um ministro de Dilma, Armando Monteiro Neto, da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, está criticando algumas medidas – no caso a extinção do Reintegra. Um empresário próximo da presidente, que já foi até seu “conselheiro”, Jorge Gerdau, chamou as medidas de corte de “tapeadinhas”.
Leia mais:
Usar crise para tentar chegar ao poder é ‘versão moderna de golpe’, diz Dilma
STF pode proibir nesta quarta doações privadas
GDF anuncia aumento de impostos e corte de salários para combater crise