A cada passo desse governo ficamos com a sensação de perplexidade, sem querer acreditar em tudo que está acontecendo. Estão acabando com tudo que foi construído de civilidade em nosso país. Interferem de forma agressiva e perniciosa em todos as áreas de atuação do Estado, a desrespeitar a autonomia de atuação de instituições importantes para a defesa do Estado Democrático de Direito, a exemplo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
A pergunta é: como tudo isso está sendo possível na vigência de uma Constituição que procurou garantir os direitos humanos, a dignidade da pessoa humana, o meio ambiente, os menos favorecidos, as minorias? Que procurou garantir a independência dos Poderes e a autonomia de atuação das instituições do Estado? Enfim, na vigência de uma Carta Magna que procurou garantir que passaríamos a viver em um Estado Democrático de Direito.
A resposta é simples: a democracia não se implantará em nosso Brasil simplesmente por estar explicitada na Lei Maior. É um processo que exige ações permanentes e persistentes de todos nós, especialmente aquelas que possam resultar na inclusão de milhões de brasileiros que nem ao menos sabem o que significa democracia e nem têm percepção clara da realidade em que estão inseridos.
Se não conhecem o valor da democracia, como irão defendê-la e se esforçar para aperfeiçoá-la?
O mais preocupante é que, enquanto o governo despótico avança celeremente na destruição de tudo que foi construído de civilidade nos últimos trinta anos, os grupos, ou partidos, que se autoproclamam progressistas continuam sem esboçar uma reação firme para tentar conter o avanço do fascismo, da prepotência, do autoritarismo que se implanta no Estado. Continuam divididos, cada um a defender os seus próprios interesses, sem atentar para os do País, perigosamente nas mãos de um governo que se apresenta como tirano e opressor.
Não percebem esses partidos ou grupos que o Estado está sendo dominado por um grupo de pessoas contrárias à democracia e todos os seus valores, as quais são indicadas com o principal objetivo de acabar ou barrar as ações dos órgãos e instituições que passam a dirigir. E, ao que tudo está a indicar, nada podemos esperar dos demais Poderes da República, cujos integrantes parece que se satisfazem tão somente em preservar as posições que ocupam e não demonstram disposição para empreenderem uma atuação firme na defesa da democracia e dos reais interesses do País.