Ray Cunha
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A precariedade do transporte público é a realidade em todo o Brasil, inclusive em Brasília, que deveria funcionar como vitrine nacional. Passam diariamente pela Rodoviária do Plano Piloto cerca de 700 mil pessoas, que contam com 3,3 mil ônibus e um metrô de 42,38 Km e 24 estações.
O número de ônibus, mesmo com a recente renovação da frota, ainda é insuficiente, e parte deles ainda é velha e sucateada. O metrô está estrangulado, sem novos investimento há vários anos. Para piorar, as linhas de coletivos são mal distribuídas e as ruas e avenidas do DF são poucas, especialmente no Plano Piloto, engessado pelo tombamento como Patrimônio da Humanidade.
Resultado: além de grande parte da frota de automóveis ir para as ruas – e já há mais de 1,5 milhão de veículos no DF –, as paralisações técnicas do metrô e greves de metroviários e de rodoviários são uma centelha para um problema de outra ordem: o transporte pirata, com ônibus velhos e perigosos, e vans e kombis carregando, por viagem, dezenas de passageiros, muito acima da capacidade máxima indicada por seus fabricantes.
A frouxidão da fiscalização também favorece a atuação dos clandestinos, que, bem ou mal, ajudam a amenizar o sofrimento de uma população 4 milhões de habitantes na Região Metropolitana (IBGE/2013) e estimada em 2,7 milhões apenas no Distrito Federal (IBGE/2014).
No último fim de semana, quando os rodoviários realizaram uma greve-relâmpago, os piratas reapareceram em massa. A televisão mostrou absurdos, como cerca de 30 passageiros dentro de uma Kombi, com a conivência dos passageiros. Tudo sem qualquer interferência da fiscalização. A questão é que todo mundo quer chegar em casa ou ao trabalho e o sistema convencional não dá vazão à demanda.
Se houvesse ordem na casa, dava até para reforçar a frota minguada do transporte público. Mas é difícil lidar com as cooperativas dos micro-ônibus, porque os motoristas simplesmente não seguem as regras. Querem colocar dez onde só cabem cinco, e não respeitam idosos, grávidas e pessoas com necessidades especiais, que, se quiserem embarcar, têm que pagar a passagem, embora a lei lhes assegure a gratuidade.
A situação do transporte público em Brasília lembra o jogo Brasil x Alemanha, terça-feira (8): o GDF está tão paralisado quanto a equipe brasileira. E perde de goleada para a pirataria.