Seguimos firmes na lição do esperançar de Paulo Freire, fazendo da luta a nossa história
Sinpro-DF
Na segunda-feira, 14 de março, o Sinpro-DF completou 43 anos. Em mais de quatro décadas, lutamos contra a ditadura militar, fomos às ruas pela redemocratização, comemoramos os avanços socioeconômicos, tentamos interromper o golpe jurídico-político-midiático de 2016, nos chocamos com a eleição de um dos maiores defensores do ódio, juntamos os cacos da democracia, choramos com as famílias que perderam seus amores para a covid-19; e nos reerguemos fortes, resilientes, prontos para seguir e (re) construir. Afinal, existimos para lutar.
Em todos esses momentos, a educação esteve na pauta, por ser estratégica: ou propositalmente sucateada para viabilizar um Estado ditatorial, ou valorizada para pavimentar uma sociedade democrática. Independentemente do governo, construímos diálogos para entender os momentos e o que cada um deles exigia. Com a compreensão dos ‘agoras’, vislumbramos futuros.
Em 1979, ano de fundação do Sinpro-DF, realizamos greve de 23 dias pelo Plano de Carreira, Estatuto do Magistério e contratos de 40 horas e 20 horas. Uma afronta àqueles que governavam para calar a classe trabalhadora no DF e no Brasil. Na década seguinte, conquistamos o primeiro escalonamento de padrão, em 1986.
Com a promulgação da Constituição Cidadã, avançamos. Em 1990, foi conquistado o primeiro Plano de Carreira da categoria do magistério público do DF. Já estamos na quarta versão desse programa, que viabiliza a valorização e qualificação dos nossos docentes.
No final da década de 1980, o Sinpro-DF garantiu que a formação superior dos docentes fosse reconhecida e valorizada. Isso beneficiou não só a categoria, como também a sociedade, que passou a contar com profissionais que encontraram mais uma motivação para se aperfeiçoar no que fazem.
Os anos 1990 foram de arrocho, com política privatista e um governo inábil ao diálogo. Foi nessa toada que o Sinpro-DF encontrou na conquista de gratificações uma alternativa ao cenário imposto.
A partir dos anos 2000, o aprimoramento deu o tom da luta. Reformulamos Plano de Carreira, ampliamos licença maternidade, conquistamos reajuste salarial, lutamos e garantimos convocação de docentes concursados.
Durante a pandemia, lutamos pela vacinação dos profissionais de educação e encampamos a campanha para a imunização pediátrica. Também reivindicamos o ensino remoto, que, diante da ausência de políticas públicas para a educação, só foi garantido (ainda que com deficiências) porque professores (as) e estudantes fizeram o impossível.
Foi durante a crise sanitária, marcada por índices de desemprego históricos, que o Sinpro-DF garantiu o emprego de mais de 10 mil professores (as) de contratação temporária.
Após dois anos de um processo educativo complexo, com déficits de difícil recuperação, e estrutura precária – salas superlotadas, falta de professores, de monitores, estudantes com deficiência desamparados e tantas coisas que deixam de dialogar com uma sociedade que não aceita mais ser impedida de exercer o pensamento crítico, alcançado através da educação – sabemos que enquanto houver classe trabalhadora, haverá luta sindical.
Queremos que o cenário atual seja virado do avesso, e que a educação passe a ser prioridade. Não se trata de corporativismo. O que está em jogo é o amanhã de toda uma geração que vivencia a institucionalização do negacionismo, do revisionismo, do machismo, do racismo, da homofobia, da devastação do meio ambiente. Seguimos firmes na lição do esperançar de Paulo Freire, fazendo da luta a nossa história.