Tudo leva a crer que a estratégia do governo Bolsonaro de reduzir a força dos sindicatos a partir da restrição à cobrança de taxas começa a dar resultados. Em meio aos ataques às conquistas dos trabalhadores com as reformas Trabalhista e da Previdência, as entidades representantes dos trabalhadores dão a impressão de estarem em estado de torpor. São raros os momentos em que esboçam algum tipo de reação. Mesmo assim, sem conseguir mobilizar suas bases.
O 1º de Maio, comemorado na quarta-feira, passou praticamente em branco em Brasília. A Esplanada dos Ministérios, a Praça dos Três Poderes, o Eixão e a Torre de TV, tradicionais pontos de concentração e de manifestações no Dia do Trabalho em passado recente, estavam desertos. Em todo o Distrito Federal, a honrosa exceção para que a data não passasse em branco esquecimento foi Taguatinga.
Pela manhã, na Praça do Relógio, um pequeno ato da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), braço do PCdoB, reuniu uma centena de pessoas. A cidade também recebeu a grande festa do Dia do Trabalho, que ocorreu à tarde e à noite, no Taguaparque. Um público estimado em mais de 20 mil pessoas atendeu ao chamado do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) e da Federação Nacional dos Trabalhadores em Educação (FNTE) para um evento festivo, culminando com os shows dos cantores Odair José e Vanessa da Mata.
Sem dúvida, uma bonita festa, com tendas para jogos e brincadeiras de crianças e atividades como medição de pressão arterial e corte de cabelo. Ou seja, os professores, por meio de seu sindicato e de sua federação, deram mais uma lição de cidadania à população do Distrito Federal e uma aula para as demais categorias de que em meio à dificuldade a pior atitude é a inércia.
Mas, foram raros os momentos que lembravam a seriedade do momento histórico para a classe trabalhadora. Poucos e curtos discursos ficaram a cargo dos deputados distritais Chico Vigilante, Arlete Sampaio e Fábio Félix, da federal Érika Kokay e da sindicalista Rosilene Corrêa, anfitriã da festa de 40 anos do Sinpro-DF.
Resta aos trabalhadores torcer para que a lição tenha sido aprendida. Afinal, existem dois grandes eventos programados para os próximos dias: a greve nacional dos trabalhadores em educação, convocada pela CNTE para o dia 15 de maio, e a greve geral marcada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais para o dia 14 de junho.
É hora de os sindicatos retomarem o protagonismo da mobilização da população. Os líderes da classe trabalhadora precisam se reinventar neste cenário em que um governo de extrema direita usa de todos os artifícios para desmontar as entidades populares. É hora de acordar e sacudir a poeira, para não morrer dormindo.