O Sindicato promoveu, segunda-feira (18), um ato em frente ao prédio Matriz I da Caixa, em Brasília, para cobrar a suspensão da pauta da reunião do Conselho de Administração (CA) convocada extraordinariamente e na surdina para tratar da reativação de subsidiária para gerir as loterias do banco. A iniciativa representa um retrocesso e a continuidade da ameaça de privatização.
No início da atividade, que contou com a presença de representantes da Fetec-CUT/CN, da Fenae, do Comitê Popular em Defesa da Caixa e da Apcef-DF, o banco chegou a cortar a energia elétrica para interromper o som da mobilização, numa flagrante prática antissindical e de retaliação.
“Desde os anos 1980, época do general Figueiredo, sempre usamos a energia elétrica da empresa para fazer com que os bancários escutem o nosso recado. Esta sabotagem para nos calar mostra um elemento a mais na gestão de Carlos Vieira (presidente da Caixa), a pequenez”, criticou Enilson da Silva, diretor da Fetec-CUT/CN.
O dirigente sindical lembrou que todos foram pegos de surpresa com a iniciativa do CA da Caixa, que sequer consultou os sindicatos sobre a referida pauta, o que, segundo ele, não faz sentido, porque a Caixa é reconhecida mundialmente pelo bom trabalho desenvolvido nessa área. “Essa pauta não interessa aos empregados do banco e nem à sociedade brasileira”, enfatizou Enilson.
A representante dos empregados eleita para CA, Fabiana Uehara, endossou que a Caixa não pode ter nenhuma parte fatiada. “O intuito da Caixa 100% pública é diminuir a desigualdade no País. E é isso que nós, empregados do banco, fazemos todos os dias, e é o que nós queremos”.
Ela criticou que a forma como foi feito o debate, sem o conhecimento dos empregados, gera insegurança e instabilidade em quem trabalha na área. E questionou os presidentes da Caixa, Carlos Vieira, e do CA, Rogério Ceron: “O que as subsidiárias vão fazer que as nossas loterias não fazem?”, questionou.
Secretário de Finanças do Sindicato, Antônio Abdan ressaltou: “Entendemos que a Caixa administra de forma muito bem feita as loterias e que é um produto rentável e importante para gerir recursos para os programas sociais do governo. Por isso, acreditamos que a criação dessa subsidiária pode, futuramente, resultar em um processo de privatização. E, caso isso aconteça, será muito ruim tanto para a Caixa como para a sociedade brasileira”.
Para a secretária de Saúde do Sindicato, Vanessa Sobreira, a retomada da discussão desse projeto, que já estava arquivado, representa o primeiro passo para o fatiamento da Caixa. “Não aceitamos. Defendemos a Caixa 100% pública”, afirmou.
“Não vamos abrir mão da loteria. Se preparem que a mobilização está feita. Respeitem a história de luta e dedicação de cada empregado para manter a Caixa 100% pública”, assegurou a conselheira da Funcef eleita pelos participantes, Maria Gaia. E avisou: “Carlos Vieira, volte atrás ou se prepare para enfrentar uma guerra”.