Denúncia de desvio de recursos no Sesi, no Senai e na Federação das Indústrias (Fibra-DF) provocou a suspensão dos contratos de trabalho de todos os 10 diretores do Sindicato dos Empregados em Entidades de Assistência Social e Formação Profissional (Sindaf-DF), inclusive do presidente, Paulo Sérgio Pereira. A principal acusação dos sindicalistas é de que o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), do Sistema S, é utilizado como lavanderia de dinheiro roubado das entidades.
Paulo Sérgio, ao lado dos diretores agora sem emprego, tanto no Sesi quanto no Senai, afirma que os cálculos são de “desvios de finalidades” (eufemismo que inclui roubo), nas duas entidades que atingem R$ 17 milhões em 2013, R$ 23 milhões em 2014, e R$ 19 milhões. Ele argumenta que o presidente da Fibra, Jamal Bittar, ao invés de mandar investigar, não apenas proíbe a distribuição do jornal do Sindaf-DF entidades como suspende o contrato de toda a diretoria do sindicato.
“Na história do movimento sindical nunca existiu isso. Não há precedente no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Uma censura inacreditável, nunca vista na história do sistema”, protesta Paulo Sérgio, ao lado de todos os seus colegas, estudando como reverter a situação na Justiça. Uma edição do jornal do Sindifaz que narrando a retaliação não pôde ser distribuída no Sesi nem no Senai, muito menos na Fibra. Paulo Sérgio ainda faz a ressalva que os valores milionários, que deveriam ser investigados, dizem respeito apenas ao Distrito Federal.
O Sindaf-DF denunciou o caso à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e já acionou o Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho. Stanley Gracec, diretor-adjunto do escritório da OIT afirma na edição de outubro do jornal do sindicato que “Jamil Bittar precisa lembrar que não é dono da Fibra e que o mínimo que deve fazer é respeitar o sindicato e a categoria”. De acordo com Stanley, há clima de terror no Sesi e no Senai que eles não podem verificar porque tem a entrada proibida.
O Sindaf-DF fez uma relação do que considera práticas atissindicais, levadas ao conhecimento da Justiça, entre elas: proibição de entrada de diretores do sindicato nas unidades; transferências arbitrárias de empregados; demissão de dirigentes com estabilidade; não cumprimento de decisão judicial relativa à reintegração de diretor sindical; várias formas de assédio e constrangimento a dirigentes sindicais; e descumprimento do acordo coletivo de trabalho.
Além do “desvio de finalidade”, de acordo com o Sindaf-DF, chegou ao sindicato informações sobre o uso de funcionários para a execução de serviços particulares nas residências do Jamil Bittar e outros diretores. “A diretoria reafirma que não vai se intimidar ante a truculência do presidente/dono do Sesi-DF e Senai-DF. O sindicato continuará distribuindo seu boletim e denunciando, com provas, a má-gestão dessa administração. Os trabalhadores que quiserem encaminhar denúncias terão sua identidade preservada”, conclama os diretores no jornal distribuído neste mês.
Resposta da Fibra-DF
Por intermédio da assessoria de comunicação a federação manifestou-se: “Em relação ao afastamento de dez funcionários do Sistema Fibra que são dirigentes do Sindaf-DF, esclarecemos que a suspensão, penalidade prevista em lei, foi motivada por conduta antissindical. O assunto está sendo tratado na Justiça”.
Fibra censura Brasília Capital
O presidente da Fibra, Jamil Bittar, proibiu a distribuição do Brasília Capital na federação e nas unidades do Sesi e do Senai. O que provocou sua censura ao jornal foi a reportagem da capa da edição 329 (acima), em setembro, sobre a mordomia que membros do Sistema S desfrutariam nos Emirados Árabes durante a realização da 44ª edição da WorldSkills, que contou com a participação de mais de 54 estudantes das duas entidades. E para acompanhá-los, dirigentes e convidados, elevando a comitiva para 190 pessoas. O jornal calculou a despesa em R$ 1 milhão. Há agora informação de que ao menos 30 pessoas do DF deixaram de embarcar para os Emirados Árabes para o jogo que ocorreu neste mês de outubro, exatamente por causa da divulgação a respeito da mordomia que envolveria gente que não é atleta.
Fibra confirma rejeição ao jornal
A assessoria de comunicação informou que a federação não “tem interesse” que o jornal circule em suas dependências: “Quanto à circulação do Brasília Capital dentro das instalações das entidades do Sistema Fibra, informamos que não há interesse em receber exemplares para distribuição interna”.