O secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, do Amazonas, é o favorito para suceder o atual presidente da entidade, Felipe Santa Cruz. A eleição ocorre no dia 31 de janeiro.
Têm direito a voto três conselheiros federais eleitos nas chapas vencedoras em cada unidade da Federação nos pleitos de novembro deste ano – não há eleição direta para o posto. O vitorioso comandará a Ordem até 2024.
A possível vitória de Beto Simonetti representará uma derrota do conservadorismo na OAB, após o fiasco da Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil (OACB) nas eleições seccionais da entidade no último mês.
Segundo o balanço final das urnas, os nomes apoiados pelos conservadores, alinhados ao presidente Jair Bolsonaro, perderam em oito dos nove estados onde lançaram candidatos, resultado que favorece o grupo de Santa Cruz.
Nas disputas estaduais por seccionais da OAB, apenas na Paraíba houve eleição de um aliado do grupo conservador, o advogado Harrison Targino, candidato da situação apoiado pelo atual presidente da Ordem no estado, Paulo Maia.
São Paulo
A derrota mais emblemática ocorreu em São Paulo, onde o autointitulado conservador Alfedo Scaff, apoiado pela deputada federal Carla Zambelli (PSL) e pelo jurista Ives Gandra Martins. Scaff ficou em último lugar, com 5% dos votos. Patricia Vanzolini se tornou a primeira mulher a se eleger presidente da maior seccional da OAB.
Este foi o primeiro pleito com sistema de cotas, no qual o número de vagas nas chapas precisou ser dividido igualitariamente entre homens e mulheres e 30% reservadas a negros e pardos.
Agora, Santa Cruz estima que tem 95% de chance de formar chapa única para eleger seu sucessor o advogado amazonense José Alberto Simonetti, atual secretário-geral e conselheiro federal pelo Amazonas. E comemora:
“O conservadorismo é uma militância com força nas redes. Mobilizou advogados no país inteiro, mas mostrou pouca força e viabilidade eleitoral”.
Santa Cruz confirma que seu grupo terá uma chapa de situação no Conselho Nacional, no dia 31 de janeiro, “com a mesma linha de defesa da democracia”.
Santa Cruz é crítico de Bolsonaro, que já fez ataques a seu pai, Fernando Santa Cruz, desaparecido durante a ditadura militar.
A atual gestão da OAB já ingressou no Supremo Tribunal Federal com várias ações contra diversas medidas do governo e chegou a iniciar a análise de uma proposta de pedido de impeachment contra o presidente da República.