Márcia Turcato
Preste atenção neste nome: Ariane Bocaletto Frare. Muito em breve ela será destaque na mídia internacional dedicada às ciências. Ariane é uma jovem cientista e vive em Brasília, cidade que ama e adotou para chamar de sua. Aos 36 anos de idade e carinha de 20, ela é doutoranda em Ciências da Saúde na UnB, onde desenvolve um projeto de pesquisa inovador e revolucionário.
“Meu estudo compara a capacidade física de camundongos fêmeas cross-sex (que tiveram o gênero alterado com a aplicação de hormônio feminino) com fêmeas e machos cis (o gênero de nascimento não é alterado), buscando novas perspectivas para a revisão de paradigmas fisiológicos relacionados ao dismorfismo sexual do ponto de vista funcional”.
O tema é complexo e o objetivo é obter conteúdo científico que possa auxiliar a sociedade, principalmente organizações esportivas, na categorização de competições por gênero. A questão é muito discutida nas federações, como a de vôlei e de natação, levando a debates calorosos sobre a participação de mulheres trans em equipes de mulheres cis.
É o caso da nadadora dos Estados Unidos Lia Thomas, da Universidade da Pensilvânia, mulher trans de 24 anos vencedora das provas da Liga Estudantil de Natação. Mas as competidoras cis se recusaram a subir no pódio com ela.
De acordo com as regras da competição, Lia se tornou apta para competir em provas femininas ao completar um ano de tratamento de supressão de testosterona. No entanto, a política de inclusão de gênero da World Aquatics, firmada em 2022, permite que mulheres trans possam competir na categoria feminina desde que a puberdade masculina tenha sido interrompida aos 12 anos de idade, e que os níveis de testosterona da pessoa estejam dentro da faixa feminina.
Formação acadêmica
No Brasil, o caso mais emblemático é o da jogadora de vôlei Tiffany Abreu, primeira e única, até o momento, a participar da Superliga Feminina, principal competição do esporte no País. Apesar de ter recebido autorização da Federação Internacional de Vôlei para competir em equipes femininas, sua presença foi criticada publicamente pelas colegas do esporte.
Algumas casas legislativas, como a Assembleia de São Paulo, tentaram decidir o assunto por lei, desconsiderando estudos científicos. Mas o tema não avançou. No Congresso Nacional há propostas semelhantes, também paradas.
Portanto, a pesquisa que está sendo feita pela cientista Ariane Frare, na UnB, poderá lançar luz sobre o tema ao produzir informação científica sobre o que é sexualidade e gênero na vida e no esporte.
A cientista tem currículo suficiente para conduzir pesquisa de tamanha responsabilidade. Ela é bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás, especialista em Reprodução Humana pela PUC/GO, mestre em Genética pela PUC/GO e agora doutoranda em Ciências da Saúde pela UnB.
Natural de Itatiba, São Paulo, ela foi educada em Goiás e há cerca de 10 anos adotou Brasília. A jovem cientista é professora concursada do Instituto Federal de Goiás (IFG), Campus Formosa, onde leciona, e mora em Brasília. Ela diz que encontrou na cidade “acolhimento, realização, um ambiente propício para o meu crescimento pessoal e profissional, com pessoas incríveis e oportunidades que me impulsionam a ir além”.
Brasília, sua linda
Ariane destaca a segurança da cidade, principalmente quando comparada a outras cidades onde ela já viveu. “A educação de qualidade me motiva e, como professora, busco sempre aprimorar meus conhecimentos. A UnB me inspirou a buscar novos desafios, como o doutorado em Ciência da Saúde”.
A cientista diz que as opções de lazer, cultura e esportes em Brasília a encantam, como a orla do Lago Paranoá e o Parque Dom Bosco. “São meus lugares favoritos para praticar atividades físicas e relaxar”. Ariane conta que a rica cultura da cidade a surpreendeu positivamente.
“Museus, teatros e centros culturais oferecem eventos diversificados, enriquecendo meu dia a dia. Brasília também me conquistou com suas opções de entretenimento, shoppings centers modernos, bares badalados e restaurantes premiados, além de trilhas e cachoeiras em seu Entorno”.