A terça-feira (18) foi de mobilização de servidores federais por todo o país. Em Brasília, o primeiro ato aconteceu pela manhã em frente ao edifício-sede do Banco Central, no Setor Bancário Sul. Já na parte da tarde, funcionários públicos foram para a frente do Ministério da Economia, onde gritaram palavras de ordem e levantaram cartazes contra o ministro Paulo Guedes.
O ministro é contra a concessão de reajustes generalizados, como defendem os servidores. No entanto, ele cedeu a Bolsonaro ao pedir ao Congresso uma reserva de recursos no Orçamento de 2022 para atender aos policiais federais.
O valor aprovado é de R$ 1,7 bilhão. Embora o recurso não esteja carimbado, policiais têm dado indicações públicas de que não aceitarão recuo de Bolsonaro e afirmam que eventual desistência seria traição do presidente.
Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, o espaço orçamentário para conceder aumento a diferentes categorias de servidores é “muito pequeno”. Questionado sobre a manifestação, o Banco Central informou que não vai comentar.
Reposição para todos
O pleito dos servidores é pela reposição salarial de 19,99% a todos os servidores federais, e não só à PF. O índice corresponde a perdas inflacionários de 2019 a 2021, equivalente aos três anos de governo de Jair Bolsonaro. Só em 2021 essa perda foi de 10,74%, que corresponde ao IPCA do período.
Sem uma sinalização de acordo com o governo, os trabalhadores prometem continuar com a agenda de manifestações. O próximo ato está marcado para 24 de janeiro, no Dia Nacional de Luta dos Aposentados. Já no dia 27, uma Plenária Nacional dos Servidores Públicos será realizada de forma online e no dia 28 a categoria promove uma coletiva de imprensa para divulgação do calendário de luta e da campanha salarial 2022.
Crise
A crise com servidores públicos foi iniciada com a declaração de Bolsonaro de que concederia reajustes apenas a carreiras ligadas à polícia, considerada base de apoio desse governo. A promessa gerou reação imediata dos demais servidores federais. Uma onda de protesto que incluiu entrega de cargos e debate de paralisações teve início já no final do ano passado.
A atitude levou membros do governo a se manifestarem contra o aumento propagado por Bolsonaro e fez com que o próprio presidente se compremetesse a não afirmar publicamente que o reajuste está garantido. Essa semana a certeza de Bolsonaro se transformou em outra afirmação: “não está garantido reajuste a ninguém”.
A nova postura, no entanto, vem gerando indignação também junto as carreiras policiais. Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) temem que a decisão sobre reajuste linear tenha que passar pela Corte.