José Silva Jr
Pré-candidato ao Palácio do Buriti, o deputado distrital Leandro Grass (PV) se diz radicalmente contra a política populista. Mas garantiu, em “primeira mão”, na segunda-feira (18), em entrevista ao programa Brasília Capital Notícias – uma parceria do Brasília Capital com a TV Comunitária e o blog do Chico Sant’Anna – que, caso se eleja governador, reajustará o auxílio-alimentação dos servidores públicos locais em mais de 300% – dos atuais R$ 300 para R$ 1.300.
A medida será assegurada, de acordo com ele, sem comprometer o caixa do Estado. “Há espaço no orçamento. Basta alguns ajustes. Os cálculos estão sendo finalizados pela equipe responsável pela elaboração de nosso Plano de Governo”, adiantou.
Antes, porém, Grass precisará ter seu nome sacramentado pela federação de seu partido com o PT e o PCdoB – a “Restauração do DF” –, o que não será, uma vez que a tradição é o PT sempre ser cabeça de chapa para o Executivo local. E os petistas já usam o inquestionável argumento de terem uma militança pujante, robusta. “Apesar de ser maior, o PT é tão importante quanto os outros partidos. Em nenhum momento entendemos que PT é menos ou mais importante”, afirmou o pré-candidato.
Grass garante que sua relação com o PT sempre foi muito parceira. Citou como exemplo os laços estreitos que tem com a deputada Artele Sampaio. Mas esqueceu que a distrital defende o nome da correligionária Rosilene Corrêa para o Buriti. “Eu defendo que os partidos lancem suas pré-candidaturas. Isso é saudável, motiva a militança”, emendou.
Missão cumprida
Aos jornalistas Chico Sant’Anna e Orlando Pontes, que conduzem o Brasília Capital Notícias pelo canal 12 da Net, Grass confirmou que desde o início do mandato na Câmara Legislativa assinou um documento se comprometendo a não ser candidato à reeleição. Mas que sua disposição de concorrer ao GDF não tem nada a ver com isso. “É um compromisso de campanha. Minha missão está cumprida no legislativo local”, afirmou. “Cargo político não é profissão”, emendou.
A entrevista também transmitida pelo canal da TV no YouTube foi marcada por ataques de Grass ao governador Ibaneis Rocha (MDB), que já se colou como pré-candidato à reeleição. Em seu rosário de críticas, o distrital disse que “Ibaneis reproduziu no Distrito Federal o que (Jair) Bolsonaro fez no País: agravamento da fome, da desigualdade, da pobreza, sucateamento da saúde”. Segundo ele, Ibaneis fez o DF regredir: “Esse governo não cuida de pessoas, mas de negócios do próprio governador”.
IGES não persistirá
Grass foi mais contundente ao ser perguntado sobre a manutenção do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) num eventual governo seu. “Não persistirá. É um ninho de corrupção. Tem uma dívida de 400 milhões”, enumerou.
Ele se referia às operações policiais pelas quais o instituto passou nos últimos dois anos devido a suspeitas de fraude e desvios de recursos. Uma delas foi a Falso Negativo, que investigou fraude na aquisição de testes rápidos para a covid-19 e resultou na prisão da cúpula da Secretaria de Saúde.
O pré-candidato ainda tratou de outros temas polêmicos, como eleição para administrador, o Centro Administrativo em Taguatinga (Centrad) e transporte. Sobre o primeiro, ficou em cima do muro e não emitiu opinião. Para ele, as administrações devem ser “polos de governança” e, muitas vezes, servem de cabides de emprego para cabos eleitorais. Mas não disse qual formato considera ideal para esses órgãos, que hoje subdividem o DF em 33 regiões administrativas.
Quanto ao Centrad, chegou a concordar com a recente decisão de Ibaneis Rocha, que anulou o contrato para construção, operação e manutenção da estrutura. O prédio de 182 mil metros quadrados foi construído com a justificativa de ser a nova sede do GDF, mas isso nunca saiu do papel. Grass entende que a decisão foi tardia, já no fim do atual governo. E sugere que uma das alternativas seria usar o prédio como campus de uma grande universidade.
Remodelação do transporte
Por fim, o pré-candidato da coligação “Restauração do DF” criticou o atual modelo de gestão dos serviços de transporte na capital da República. Para ele, tem de ser remodelado. “Do jeito que está é muito fácil, pois as empresas vivem um capitalismo sem risco. Em caso de prejuízo, o governo subsidia. A gente vai acabar com esse sistema corrupto. O passe livre será ampliado”, sacramentou.
No final da entrevista, provocou o eleitor a refletir: “É esse governador que a gente quer para mais quatro anos: um governador dos negócios dele, dos esquemas dele?”. E completa: “Quem não fez, não fará; quem nunca trabalhou, não vai trabalhar; quem nunca ouviu, não vai agora ouvir as pessoas”.