As senadoras Kátia Abreu (PP-TO) e Eliziane Gama (Cidadania-MA) questionaram o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, sobre a participação da instituição nas ações de combate ao novo coronavírus no País.
Para a parlamentar tocantinense, os valores disponibilizados pelo BB são baixos, se comparados com os empréstimos realizados por bancos privados, que seriam até três vezes maiores. “Por que os bancos privados estão emprestando mais do que os públicos?”, indagou Kátia Abreu.
Para ela, o contrário é que deveria ser verdadeiro, para justificar a existência de um banco público. “É exatamente ele que deveria ser mais ousado do que o privado”, completou a representante do PP durante audiência pública, segunda-feira (8), na Comissão Mista de Acompanhamento das Medidas de Combate à Covid-19 para debater as ações do BB na crise.
Privatização – O presidente do Banco do Brasil aproveitou para defender a privatização da instituição. De acordo com Rubem Novaes, desde março, quando foi declarada a pandemia, o BB desembolsou mais de R$ 136 bilhões para dar suporte à economia. Desses, R$ 80 bilhões foram para empresas, R$ 33 bi para pessoas físicas e R$ 23 bilhões para o agronegócio.
Segundo ele, o aumento da demanda por crédito foi brutal, e o setor público já está trabalhando perto do limite. “É impossível atender toda essa demanda, não há programa de governo que vá resolver isso. Enquanto a economia não puder voltar a funcionar, e os empresários tiverem condições de lutar por sua sobrevivência por meios próprios, nós vamos ter essa sensação de insuficiência, de socorro”, disse.
Novaes ainda se posicionou favoravelmente à privatização da instituição. Para ele, a atividade bancária vai se transformar nos próximos anos, e essa mudança seria dificultada pelo que classificou de “amarras do setor público”.
Concorrência – Já a senadora Eliziane Gama avaliou que a privatização do Banco do Brasil pode levar à redução da concorrência e à concentração bancária. “Por que não, a partir do formato que temos hoje, trabalharmos a modernização?”, propôs.
Segundo a parlamentar maranhense, “se a gente pegar, por exemplo, um dos três ou quatro maiores bancos do País que vierem a adquirir o BB, vai ter claramente uma ampla concentração bancária e, automaticamente, mais dificuldade na vida do povo brasileiro”.
Rubem Novaes tentou explicar que o modelo defendido é o de “Corporation”, onde há um controle pulverizado da empresa. O argumento, no entanto, não convenceu as senadoras. O presidente do Sindicato dos Bancários do DF, Kleytton Morais, que acompanhou a audiência pública, apoiou as intervenções das duas parlamentares.
(*) Colaborou Lorrane Oliveira