Romário Farias (*)
- Advertisement -
Lutar contra a corrupção no futebol é muito difícil. Às vezes chega a ser desestimulador, tamanha a dificuldade de conseguir provas para provar crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas, propinas e extorsão.
Na quarta-feira (27), logo cedo, recebemos uma notícia que foi um alento para todos que amam o esporte, principalmente o futebol. O vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin foi preso na suíça em uma operação da polícia local em conjunto com o FBI dos Estados Unidos. Várias outras autoridades do futebol mundial foram presas acusadas de participar de um esquema de corrupção que já dura 20 anos e movimentou US$ 150 milhões de dólares.
Todas as sete pessoas presas estavam no congresso anual da FIFA, que culminou na reeleição do presidente da entidade. Este é um jogo de cartas marcadas. O atual presidente da FIFA, Joseph Blatter completará 20 anos no poder. São cinco mandatos seguidos. Particularmente, eu espero que ele seja preso antes de assumir novamente.
Mas vamos focar no Brasil. O Marin está preso e este é o momento oportuno para fazermos uma verdadeira devassa na CBF, a Casa Bandida do Futebol. Assim como o Marin, comprovadamente um ladrão, ainda temos que tirar outro câncer do futebol, o atual presidente da CBF Marco Polo Del Nero. De ontem pra hoje mais e mais informações não deixam de chegar. Já sabemos, por exemplo, que Marim, Marco Polo e Ricardo Teixeira recebiam propinas da Copa de 2014. Segundo a investigação americana, recebiam 2 milhões de dólares. As empresas de marketing Traffic e Cleffer, ambas de marcas esportivas rateavam o pagamento do suborno.
No caso da CBF, as investigações do FBI citam acordos de direitos da Copa do Brasil com uma empresa de material esportivo americana, assim como suborno pago por executivos de marketing esportivo relacionados à comercialização de direitos de mídia e marketing de diversas partidas da seleção brasileira e torneios organizados pela entidade. Há ainda suspeitas de que o suborno envolva contratos assinados para a realização Copa das Confederações da FIFA de 2013 e da Copa do Mundo de 2014. Essa operação poderia ter sido realizada aqui, já no ano passado, porque assim emendaríamos a vergonha dos campos com a vergonha da corrupção. Mas certamente o aparato de segurança aqui deve ter sido muito grande. Na Suíça, um país de primeiro mundo, em um hotel com vista para os Alpes Suíços, eles deveriam estar confortáveis e despreocupados quando foram surpreendidos pelas autoridades.
Infelizmente não foi a nossa polícia que prendeu, mas alguém tinha que fazer um dia. Então, parabéns ao FBI e a polícia Suíça. Não há alternativa. Ou todos esses caras são presos, ou eles continuarão sugando o futebol brasileiro e mundial como sanguessugas até sua morte definitiva. O que já não está muito longe. Talvez com este novo fato, tenhamos uma sobrevida.
(*) Ex-jogador de futebol e Senador pelo PSB-RJ