SEEB
O Banco Central continua empurrando a taxa Selic para patamares estratosféricos – hoje em 15% ao ano, a 4ª maior do mundo. Mas quem está pagando o preço são os trabalhadores, as pequenas e médias empresas e os mais pobres.
Os números não mentem: cada aumento de 1 ponto percentual na Selic custa R$ 56,8 bilhões aos cofres públicos, dinheiro que poderia estar sendo investido em saúde, educação e infraestrutura, mas que vai parar no bolso de banqueiros e especuladores. Só em maio de 2025, o Brasil gastou R$ 92,1 bilhões com juros da dívida pública.
Enquanto quase metade dos países do mundo está reduzindo suas taxas de juros para estimular a economia, o Brasil faz o contrário: somos o 2º lugar no ranking de juros reais (9,53%), perdendo apenas para a Turquia.
O Boletim Focus, do próprio BC, já errou feio nas projeções: em 2023, previu um crescimento pífio de 0,78%, mas o PIB avançou 2,9%. Em 2024, a Selic deveria estar em 9%, mas fechou em 12,25%. Agora, a previsão é de que continue nas alturas, sufocando qualquer chance de retomada do crescimento.
MENTIRA – O BC alega que os juros altos são para controlar a inflação. Mas os dados mostram que isso é mentira. Estudos da USP comprovam: a Selic tem pouco ou nenhum efeito sobre itens essenciais, como alimentos, habitação e saúde. O que sobe, sobe. E o trabalhador é quem se lasca.
Enquanto isso, o consumo despenca, especialmente entre os mais pobres. O IPEA já alertou: aumentar o consumo reduz mais a pobreza do que aumentar a renda. Mas como consumir se o crédito está caro e o desemprego pressiona?
LUCROS EXCESSIVOS – O resultado dessa política econômica insana está aí: no ano passado, 2.273 empresas entraram com pedido de recuperação judicial. Até abril de 2025, já são 638 casos, e a previsão é que feche o ano com 2.400.
Grandes nomes como Bombril, FMU e até o Clube de Regatas Vasco da Gama estão na fila da justiça, sem conseguir rolar suas dívidas por causa do crédito caro. E se as grandes estão assim, imagine as pequenas e médias? Quantos empregos já foram perdidos? Quantas famílias ficaram sem sustento?
Enquanto o povo sofre, o mercado financeiro lucra. Enquanto as empresas fecham as portas, os bancos batem recordes de lucratividade. Até quando o Brasil vai continuar refém dessa política que só beneficia meia dúzia?
É hora de exigir mudanças: reduzir os juros, taxar os lucros excessivos dos bancos e investir em desenvolvimento de verdade. Porque, do jeito que está, o trabalhador é quem sempre paga a conta.