A segunda-feira (22) foi marcada por uma série de ataques aos transportes públicos do Rio de Janeiro. Ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados. Os ataques criminosos foram uma “resposta” à morte de um dos chefes da maior milícia da cidade.
Episódios similares vêm ocorrendo em diversos estados, como a Bahia e o Amazonas, e demonstram a urgente necessidade de que a segurança pública, que em tese é atribuição do estado, seja um esforço coordenado entre todos os entes da federação.
O crime vem se organizando com extrema sofisticação, e aproveita os lapsos da presença do poder público para se estabelecer e fortalecer a sua atuação. Um auxílio salutar seria um esforço entre as corregedorias das polícias estaduais e a inteligência das polícias federais e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Tão diligente para arapongar desafetos do último governo, a Abin poderia usar seu aparato tecnológico para identificar quem, dentro das próprias corporações, tem dado suporte à atuação das milícias e demais grupos criminosos.
A infiltração do crime nas forças de segurança há muito deveria ser tratada como um tema de segurança nacional e, portanto, dentro da esfera de atuação da agência.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece entender que esse alinhamento é urgente. Em declaração nesta terça-feira (24), levantou a possibilidade de envolver as Forças Armadas para atuar em portos e aeroportos.
Porém, esse seria um movimento muito mais para combater os sintomas do que a causa. É preciso uma ação de médio prazo, com forte atuação dos setores de inteligência federais, para desidratar a força e influência que o crime ostenta atualmente.