O secretário especial da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, usou trechos de uma fala do ministro da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em um pronunciamento nesta quinta-feira (16). O vídeo foi divulgado para anunciar a liberação de R$ 20 milhões para o Prêmio Nacional das Artes.
Compare as duas citações:
O que disse Goebbels: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”
O trecho do discurso do ministro nazista está relatado no livro “Joseph Goebbels: Uma biografia” (Ed. Objetiva), escrito pelo historiador alemão Peter Longerich.
O que disse Roberto Alvim: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirmou o secretário no vídeo postado nas redes sociais.
O secretário afirmou ainda que “Queremos uma cultura dinâmica e, ao mesmo tempo, enraizada na nobreza dos nossos mitos fundantes. Pátria, família, a coragem do povo e a sua profunda ligação com Deus amparam nossas ações na criação de políticas públicas”.
Além da citação, outra referência ao regime alemão foi a trilha sonora escolhida para o vídeo: a ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner. A obra está na autobiografia de Adolf Hitler, onde o líder nazista a coloca como decisiva para sua formação ideológica.
O vídeo gerou uma onda de indignação nas redes sociais e levou o nome de Goebbels a ser um dos mais citados no Twitter durante a madrugada desta sexta-feira (17). Internautas criticaram não só a fala, mas a postura do secretário no pronunciamento, comparando o vídeo a uma propaganda nazista.