Havia outros, com endereços alfanuméricos mas sem tantos apelos que lembrassem Minas: Gordeixo, Bar do Mercado, Bar Brasília, Bar do Ferreira, Bar Brahma, Trattoria Peluso, Armazém do Ferreira… E todos com uma assinatura embaixo: a de Jorge Ferreira.
Mineiro de Cruzília, “sociólogo, professor, poeta, empresário, sindicalista, empreendedor, apaixonado pela vida, pela família, pelos amigos e por Brasília”; um cara “com rara intuição e talento para a criação de espaços que reunissem gastronomia simples mas de qualidade, cultura, música, literatura, homens e mulheres do bem”, como diz o site, ainda no ar, do agora apenas uma lembrança: Feitiço Mineiro, endereço que se destaca no título dessas maltraçadas. (Jorge Ferreira já é uma lembrança faz tempo, desde 2013).
Se é difícil perder botecos da esquina, mais difícil ainda é perder botecos distantes. O Feitiço Mineiro, com esse seu endereço estranho para os mineiros, vai trazer e levar saudades de Fernando Brant, só pra falar de outra lembrança, posto que era pra lá que mineiros iam tocar suas canções, mostrar pra Brasília que havia uma Cruzília no meio desse emaranhado de SQNs e SCLNs com esquinas que os incautos acreditam não existir em Brasília.
E numa dessas esquinas, o Feitiço, que agora se despede sem pedir desculpas pela sua ausência.
Tempos melhores virão, dizem os otimistas. Certas saudades não se apagam, dizem os agnósticos. E eu queria apenas ouvir alguém cantando algo que lembrasse as esquinas de Minas, dizem os saudosistas.
E todos lamentam…
(*) Texto publicado originalmente na revisa Matéria Prima, de Belo Horizonte (MG)