Brasília receberá, no domingo (14), a 22ª Parada do Orgulho LGBTI+. A Secretaria de Saúde estará presente ao evento, que começa 14h, com concentração em frente ao Congresso Nacional. Pela primeira vez, a pasta fará uma enquete para avaliar a questão do preconceito institucional nas unidades básicas de saúde, além de ações da Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SVS).
“Não será uma pesquisa com o rigor científico que uma pesquisa requer. Será uma enquete com o propósito de avaliar o acesso dessa população aos serviços da Atenção Primária em Saúde e avaliar a questão do preconceito institucional sob a ótica dos usuários, com vistas a subsidiar futuras capacitações”, explica o gerente interino de Atenção à Saúde de Populações Vulneráveis e Programas Especiais, Rodrigo Ferreira Silva.
Segundo o gerente, não há denúncias formais de que este preconceito aconteça, mas há relatos feitos pelos usuários nos debates sobre o assunto. “As organizações sociais que os representa também se queixam muito e relatam que o público não procura tanto os serviços de saúde temendo ser tratados com preconceito”, destaca.
A enquete ocorrerá entre 15h e 18h e será feita por dois profissionais da coordenação primária e três residentes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Os profissionais da SVS estarão no evento distribuindo preservativos e dando orientações.
Sonewall 50
A Parada Gay de Brasília é considerada uma das maiores do Brasil. Em 2018, a manifestação reuniu mais de 100 mil pessoas. Este ano, o tema será “Stonewall 50.Beijo livre 40. Resistência e conquistas”.
A parada é uma data para reflexão e consciência, em que todos são incentivados ao sexo com responsabilidade, independentemente da parceria. Para isso, há várias formas de prevenção que podem ser combinadas. O mais divulgado é o uso de preservativos.
Prevenir e remediar
A Parada do Orgulho LGBTs é importante para reflexão e consciência em que todos são incentivados ao sexo com responsabilidade, independente da parceria. O preservativo ainda é o método de prevenção mais utilizado e extremamente eficaz. Por isso, serão distribuídos durante o evento, junto com orientações sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
“No entanto, trabalhamos com o conceito de prevenção combinada. Temos disponíveis alguns métodos como testagens regulares, preservativos, uso de gel, tratamento as ISTs e profilaxia pré e pós exposição. A ideia de prevenção combinada é adequar a cada indivíduo”, explica a médica da Gerência de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Carina Matos.
Os preservativos estão disponíveis nas unidades básicas de saúde e no Centro de Testagem e Aconselhamento, na Rodoviária do Plano Piloto, durante o ano inteiro. Além deles, o gel lubrificante é importante na prevenção de IST e também está disponível gratuitamente no SUS. “As testagens disponíveis, hoje, para IST são HIV, sífilis, Hepatites B e C e podem ser feitas nas UBS e no CTA”, frisa Carina Matos.
Profilaxia
A Secretaria de Saúde oferece dois tipos de profilaxia. Uma delas, a pós-exposição, oferece medicamentos que devem ser utilizados após uma situação de risco de infecção pelo HIV, como: sexo consentido sem preservativo, violência sexual, acidente de trabalho, por exemplo. Em 2019, de janeiro a abril, foram disponibilizadas 905 profilaxias.
No caso da profilaxia pré-exposição (PrEP), usa-se o medicamento regular por quem não tem a infecção pelo HIV mas tem um risco de exposição aumentado, como por exemplo, profissionais do sexo e pessoas que têm relacionamento com quem tem a doença.
Em 2019, até junho, a PrEP está com quase 500 pessoas inscritas no programa e fazendo uso regular. “Ainda está em projeto piloto, mas com duas unidades no DF que possuem, o Hospital Dia e o HUB”, destaca Carina.
Vulnerabilidade
Segundo a médica, há uma preocupação constante em conseguir que determinados segmentos, chamados populações prioritárias, tenham maior acesso ao serviço de saúde, pois apresentam vulnerabilidades aumentadas devido à situação de vida ou contextos históricos, sociais e estruturais: jovens, população negra, indígenas e pessoas em situação de rua.
“Temos o ambulatório trans e o Centro de Atenção Psicossocial da diversidade. Também realizamos oficinas, palestras e coordenações para prevenção, tratamento e controle de infecções sexualmente transmissíveis”, complementa.
Segundo dados preliminares, foram registrados, em 2018, 940 casos novos de HIV e aids. Nos últimos anos, observa-se crescimento de casos entre jovens de 15 a 19 anos, pessoas maiores de 60 anos, gays e homens que fazem sexo com outros homens (HSH), travestis, transexuais e profissionais do sexo.
Os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram o crescimento de casos de IST (principalmente HIV/aids e Sífilis) entre a população como um todo, inclusive do público LGBTI+. Aproximadamente 81% dos casos novos de HIV em homens no ano de 2018, no DF, são em gays e HSH.
A sífilis também se mostra em nível preocupante. Em 2018, foram notificados 1.841 casos novos de sífilis adquirida. Segundo Carina Matos, o número de casos vem aumentando no DF, refletindo o quadro do Brasil.
Tratamento
Uma vez adquiridas as doenças, é importante fazer o tratamento. No caso da sífilis, é feito com antibióticos, na própria unidade básica de saúde. Em casos de HIV, o tratamento é feito com antirretrovirais, em serviços de atenção especializada.
* Com informações da Secretaria de Saúde PARADA GAY DE BRASÍLIA