Desde o início da pandemia do novo coronavírus, no Distrito Federal, em março, passamos pela Páscoa, pelo Dia das Mães e chegamos agora ao Dia dos Pais – datas que marcam celebrações em família. Dirão os mais práticos e críticos que são datas comerciais. E eles têm lá sua razão.
Mas, especialmente diante da crise humanitária que se desenrola em paralelo com a disseminação da covid-19, ganha relevo todo motivo e momento para valorizar e, observados os cuidados e limitações necessários, confraternizar com as pessoas que nos são caras.
A pandemia impõe um alto custo emocional e psicológico. O isolamento e o distanciamento são penosos. Junto com a insegurança que a doença e suas consequências inspiram, exacerbam quadros psíquicos, como depressão e ansiedade, que funcionam como gatilho para outros distúrbios afetivos e de personalidade.
Sob a ameaça de uma virose, ainda sem cura definitiva ou vacina, que a cada dia parece nos rondar cada vez mais perto, podemos sentir solidão e desalento. Daí a necessidade de se agarrar àquilo que tem verdadeiro valor na vida.
Os afetos, o companheirismo, a noção de pertencimento são, especialmente, importantes em momentos críticos da vida, como o atual. Cultivar as relações de família, amizades e afetos é uma âncora no mundo real, um elo com a saúde mental e afetiva. Nos dá esperança e forças para superar as provações atuais.
É paradoxal que, por cuidado com aqueles a quem amamos, tenhamos de manter distância, esconder o rosto com uma máscara. Mas são pequenos sacrifícios necessários para preservar, em especial, as pessoas de mais idade, como nossos pais, e as que têm problemas crônicos de saúde.
Como de todas as experiências podemos tirar lições, esta pandemia também nos ensina a observar a fragilidade da vida, não no sentido de nos incutir medo ou insegurança, mas no de valorizar ainda mais as pessoas que nos cercam, os momentos e as experiências que dividimos com elas.
Como grupo, pode ser que a história do nosso trânsito pela covid-19 seja apagada da memória, por trauma ou conveniência. Pode ser que retomemos o curso da vida como era antes.
Mas o mundo não será o mesmo depois da pandemia. Seja porque muitos estão sendo tirados do nosso convívio, seja porque os que permanecem ficarão por muito tempo marcados pelos fatos em curso.
Não vivemos um tempo que enseja festividades, pois devemos cuidar da segurança, manter o distanciamento social e os cuidados sanitários, como o uso de máscaras e de álcool em gel, lavar as mãos com água e sabão com frequência e evitar aglomerações.
Mas o distanciamento físico não significa distanciamento afetivo. Nossas famílias, nossas redes de afeto, são, especialmente, importantes em momentos como o da atual crise sanitária e humanitária.
Neste dia dos pais, vamos nos cercar de todos os cuidados, mas vamos celebrar nossos pais, em especial, e todos aqueles que nos cercam. Vamos alimentar nossa esperança e renovar nossas forças a cada dia para superar este momento.
Feliz Dia dos Pais!