Depois de um período de 18 dias de férias na Flórida, nos Estados Unidos, onde pôde curtir alguns dos parques de entretenimento que oferecem fortes emoções no mundo, o governador Ibaneis Rocha (MDB) retorna ao trabalho esta semana e vai se deparar com uma dura realidade de problemas reais vividos pela população do Distrito Federal.
Durante o período de descanso do titular, a vice-governadora Celina Leão (PP) enfrentou dificuldades que agora repassa ao dono da cadeira. E se Ibaneis foi à Flórida em busca de fortes emoções, adrenalina é o que não vai faltar por aqui, no comando do Palácio do Buriti.
A destruição de um vagão do metrô por um incêndio, na sexta-feira (12/01) da semana passada, que só não se transformou em tragédia pela diligência do motorneiro, que retirou os passageiros e levou a composição para uma área livre próximo à estação Arniqueira, de Águas Claras, exigirá medidas urgentes para melhorar as condições do transporte público sobre trilhos em Brasília.
O prejuízo foi tal que a Companhia do Metrô informa que depois de reformado o vagão, com mais de 30 anos de uso, não mais transportará passageiros. Será usado para manutenção dos demais, desfalcando a já diminuta frota de trens na Capital Federal.
Um exame na prestação de contas da empresa demonstra que ela pouco investe. Dados divulgados pelo Correio Braziliense mostram que, de 2019 a 2023, a queda foi de 88,3% — passou de R$ 17,1 milhões para apenas R$ 2 milhões. O que Ibaneis pretende fazer? Recuperar o metrô ou pisar no acelerador em seu projeto de privatizar a Companhia?
Perto dali, em Arniqueiras, crateras capazes de engolir veículos têm se aberto no asfalto implantado público. É como se o DF tivesse ganhado novos pontos turísticos, onde as corredeiras das inundações favorecem a prática do rafting, aquele esporte radical em que os praticantes descem águas perigosas em botes de borracha.
O GDF vem focando seus investimentos nos grandes corredores que interligam as cidades ao Plano Piloto – EPTG, EPIG, Hélio Prates, dentre outras. Mas até essas obras estão padecendo, como o asfalto no viaduto do Parque da Cidade, recém-inaugurado e já rachado e afundando. O governador precisa tomar a frente dessa questão e, se possível, direcionar recursos também para pequenas obras e reparos naquilo que já foi executado.
Além de ter que enfrentar problemas estruturais, Ibaneis vai se deparar com a maior taxa de inflação do País. Em 2023, registrou 5,5%, enquanto a média de todo o Brasil foi de 4,62%. Medidas econômicas precisam ser adotadas para controlar esse índice, que achata o poder de compra dos brasilienses.
Na área da Saúde, a dengue está matando à solta, e cresce o risco de aumento de casos de febre tifoide, hepatite A e até cólera, segundo alerta epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde.
Celina Leão tem se mostrado presente à frente das ações necessárias para enfrentar as calamidades. No caso do metrô, ela anunciou um investimento de R$ 1,5 bilhão, mas precisa pedir essa verba ao governo federal, a quem cabe inclui-la no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Mas o governo federal alega que já destinou R$ 2 bilhões do PAC para Brasília, justamente o recurso que o GDF está aplicando em mais asfalto e viadutos, sobrando apenas R$ 300 milhões para o metrô – no caso a ampliação da linha da Ceilândia até o Setor O.
Essa decisão de priorizar recursos ao rodoviarismo, ao lado do não investimento no metrô nos últimos seis anos, revela que o modal do transporte sobre trilhos não é prioridade para Ibaneis.
Ao começar 2024, o metrô ainda não conseguiu concluir as linhas projetadas na década de 1990. O GDF já preparou um projeto de privatização, que, por sinal, não prevê a ampliação das linhas. Apenas terceiriza a gestão do sistema.
Até o momento, o Tribunal de Contas do DF brecou a iniciativa, apontando sobrepreço e questionando a necessidade de se privatizar, uma vez o GDF já possui uma empresa para isso.