Por 17 votos a favor, seis contra e uma abstenção, o governador Rodrigo Rollemberg aprovou, quinta-feira (1º), em sessão extraordinária da Câmara Legislativa, o rojeto de lei 90/2016, que autoriza o governo a reverter 75% do superávit técnico do Fundo Previdenciário do DF (Iprev) – o equivalente a R$ 493,5 milhões – em ações do BRB, para pagar salários de servidores e o 13º salário e as férias coletivas da Secretaria de Educação, até fevereiro de 2017.
Uma das emendas ao texto aprovadas pelos distritais autoriza o GDF a ceder ao Iprev até 30% das ações do BRB para recompor os valores convertidos. Isso equivaleria a cerca de R$ 900 milhões. O GDF também buscou recursos do Iprev, obtendo R$ 1,2 bilhão em setembro do ano passado, oferecendo 98 imóveis para recompor o Fundo. No entanto, a titularidade desses imóveis não tinha sido transferida ao instituto até a segunda-feira (28), segundo o presidente do Instituto, Adler Anaximandro.
Briga na base – A eleição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa para o biênio 2017-2018, marcada para 15 de dezembro, acirrou-se na base governista. Agaciel Maia (PR) é o candidato do Palácio do Buriti, mas Joe Valle (PDT), ex-supersecretário do GDF, bate o pé e insiste que quer ser presidente.
O pedetista retomou seu mandato em agosto, em meio ao furacão provocado pelas denúncias da deputada Liliane Roriz (PTB) que desencadearam a UTIGate, envolvendo os cinco integrantes da Mesa Diretora e o distrital Cristiano Araújo (PSD).
Pesa contra Joe Valle o fato de, ainda em seu primeiro mandato, ter trocado o PSB de Rollemberg pelo PDT, em outubro de 2013. Isto teria deixado o atual governador insatisfeito, o que justificaria sua manifestação em favor de Agaciel.
O PDT, que compõe a base do governo, vai esperar o resultado da eleição na Casa para decidir se fica ou não do lado de Rollemberg, que já comunicou ao presidente do partido, Georges Michel, seu apoio a deputado do PR.
Tiro no pé – Na eleição para o biênio 2015-2016 Rollemberg (PSB) conseguiu emplacar Celina Leão (ex-PDT, hoje no PPS) na presidência. Mas, no meio do caminho, a deputada tornou-se opositora ferrenha. Com o poder adquirido, cresceram as especulações de que Celina se lançaria candidata ao Buriti em 2018, tornando-se uma adversária de peso para Rollemberg.
Essa tese foi reforçada quando Celina conseguiu aprovar, em primeiro turno, no fim do ano passado, com o aval de 16 dos 24 deputados, a possibilidade de alterar o Regimento Interno para possibilitar a reeleição para a presidência, a vice e as três secretarias da Mesa Diretora, o que é vetado. A votação em segundo turno acabou não acontecendo.
Mui amiga – A situação de Celina se complicou quando sua ex-amiga Liliane Roriz (PTB) apresentou áudios ao Ministério Público que desencadearam a UTIGate, envolvendo suposta cobrança de propina na liberação de R$ 30 milhões para empresas que operam UTIs na rede pública de saúde do DF.
Curiosamente, Celina fez questão de elogiar a eleição da sua então vice: \”Ela está preparada e fico confortável em dividir com ela a condução dos trabalhos, com transparência\”, afirmou, após ser escolhida para comandar a Casa.
Liliane renunciou ao cargo de vice-presidente poucas horas antes de as denúncias contra os colegas chegarem à imprensa. Juarezão (PSB) assumiu o posto e, depois, herdou a Presidência, com o afastamento de Celina, por decisão da Justiça.
Celina e os demais membros da Mesa Diretora – Júlio César (PRB), Raimundo Ribeiro (PPS) e Bispo Renato (PR) – foram afastados. Os três já conseguiram ser reconduzidos. Celina não. E decidiu recorrer ao STJ. Mas, agora, o Ministério Público quer todo o grupo fora da Mesa Diretora, com base na Operação Drácon.
O pedido de afastamento poderá ser julgado no TJDFT no dia 13 de dezembro, dois dias antes da votação na Câmara. Com isso, os cinco denunciados – incluindo Cristiano Araújo – correm o risco de serem impedidos de participar da eleição.