Após 270 dias, 31 depoimentos e muito espaço ocupado na mídia local e até nacional, a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa transformou-se numa grande pizza preparada a quatro mãos pelo relator Hermeto (MDB) e pelo presidente Chico Vigilante (PT).
Permuta – O relatório final lido por Hermeto, na quarta-feira (29), é o resultado de um acordo em que foram poupados seus aliados – oficiais da PM, o ex-secretário de Segurança, Anderson Torres, o ex-presidente Jair Bolsonaro, entre outros – em troca de acatar um destaque de Vigilante para não indiciar o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general G. Dias.
Crimes – No documento de 444 páginas, constam os nomes de 135 envolvidos nos atos antidemocráticos, em 8 de janeiro, com invasão e depredação das sedes dos três Poderes, e numa tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília na véspera do Natal de 2022. Os citados são suspeitos de prática de crimes como sabotagem e tentativa de abolição do estado democrático de direito.
Peixes – A exclusão de “tubarões” e “traíras” – especialmente de G. Dias – da rede de indiciados causou um tsunami no encerramento da CPI. A bancada bolsonarista na CLDF – Joaquim Roriz Neto (PL), Daniel de Castro (PP), Thiago Manzoni (PL) e Paula Belmonte (Cidadania) – armou um barraco.
Rato – Mas, investido da autoridade de presidente da comissão, Vigilante não atendeu à questão de ordem e suspendeu a sessão. Aliado do PT, Fábio Félix (PSol) apresentoiu um relatório em separado. E, mais uma vez, um processo que poderia melhorar a imagem do Parlamento local termina de forma decepcionante. Como diria o senador Magno Malta (PL-ES), do alto de sua lucidez embriagada, “a montanha pariu um rato”.