Da Redação
As salas de recurso das escolas da rede pública do Distrito Federal são o lugar onde professores especializados dão aos alunos especiais o suporte e auxílio para que consigam vencer as dificuldades cotidianas.
“Um dos papeis do professor de sala de recurso é orientar os professores com relação às particularidades de cada estudante – principalmente com deficiências intelectuais”, conta a professora de História Viviene Duarte Rocha, que atualmente atua como professora do Atendimento Educacional Especializado em Sala de Recursos do CEM 01 do Paranoá.
Em meio às dificuldades vivenciadas por esses profissionais, que veem seu trabalho sucateado e desprezado por um governo de cunho essencialmente neoliberal, é possível “tirar leite de pedra”, e conduzir à universidade os alunos das salas de recursos.
Deyvid Cardoso Vales é um dos estudantes atendidos numa Sala de Recursos. Ele concluiu o Ensino Médio e acaba de se matricular no Instituto Federal Brasília para o curso de técnico em eventos graças ao auxílio e orientação dos profissionais do CEM01 do Paranoá.
Professores cidadãos
Vítima de um tiro acidental, é cego de um olho. O trabalho de inclusão de Deyvid passou por apoios pedagógico e psicológico, mas também por indicar a ele os direitos de cidadão com necessidades especiais.
A professora Viviene mostrou que Deyvid tinha direito ao material de prova e pedagógico com letra ampliada e, com a apresentação do laudo técnico, também teria tempo de prova aumentado. O rapaz ainda foi aconselhado a tentar, antes da universidade, um curso técnico superior.
“Conversei com ele que um curso técnico antes da universidade seria muito positivo para seu amadurecimento cognitivo”, conta Viviene, que já mostrou a Deyvid que seus direitos de pessoa com deficiência também estão garantidos no IFB. “Lá tem um núcleo similar à Sala de Recurso, que dá esse apoio ao aluno especial”,
Estudantes cidadãos
A professora Viviene se emociona ao falar de seu trabalho e dos resultados que consegue, mesmo em meio a tantas dificuldades.
“Mesmo com todo o sucateamento da escola pública, com a desvalorização do professor, a gente insiste. Investimos nos meninos, e é isso o que nos move. E no final eles vencem”.
Ela não perde a perspectiva da crueldade que cerca seus alunos: “Eu digo que muitos aqui são sobreviventes. São de periferia, de famílias humildes, negros em sua grande maioria, e com deficiência. Mas eu mostro a eles como é o espaço deles na sociedade. Apresento-lhes os direitos e deixo claro quais são os deveres. E a gente, aos poucos vai conseguindo”.
Ela conta do papel fundamental de todos os profissionais da escola para o sucesso da sala de recursos: “O CEM01 do Paranoá é, de fato, uma escola inclusiva. Todos abraçam a questão da inclusão, adequação, adaptação. Todos fazem com grande parceria. A direção da escola não mede esforços. O que eu preciso e está ao alcance, às vezes além do alcance, eles sempre ajudam. Um passeio, um material…”.