Ibaneis Rocha (MDB) assume o GDF no dia 1º de janeiro disposto a fazer uma gestão “voltada para o futuro, sem ficar olhando pelo retrovisor”. Ele garante que não pretende perder tempo reclamando de uma possível “herança maldita” que eventualmente venha a receber de Rodrigo Rollemberg (PSB), a quem derrotou nas urnas de domingo (28/10). “Quem casa com a viúva leva os filhos”, diz, valendo-se de um antigo adágio popular.
No dia seguinte à vitória, o governador eleito se reuniu com o presidente da República, Michel Temer (MDB). Apresentou quatro pedidos ao correligionário: transferir a Junta Comercial do DF da esfera da União para a local, para desburocratizar a abertura e fechamento de empresas na Capital; que o governo federal pague o salário dos servidores aposentados de Brasília (uma economia de R$ 300 milhões, suficiente para pagar o reajuste da Polícia Civil); criação da Região Metropolitana, englobando o DF e municípios do Entorno; e criação da Zona de Livre Comércio, nos moldes da Zona Franca de Manaus.
Temer encaminhou os pedidos para as áreas técnicas. Mas o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Marún, avisou que qualquer aumento de despesa ou de repasses para o DF dependerá de aprovação do Ministério da Fazenda. Ou seja, será necessário muita negociação ou realocação de recursos.
Novos secretários – Quarta (31) e quinta-feira (1º) Ibaneis esteve em São Paulo para fazer exames no hospital Albert Einstein. Encontrou-se com o vice, Paco Britto (Avante), que também estava na capital paulista. Discutiram a transição, coordenada por Paco, e a formação do secretariado, atribuição de Ibaneis. Antes de viajar a São Paulo, Ibaneis havia confirmado André Clemente para a Secretaria de Fazenda; Izídio Santos Júnior, para Obras; e Éricka Filippelli, para a pasta das Mulheres. José Humberto Pires, alegando razões pessoais, declinou do convite para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Num encontro com o distrital eleito Jorge Vianna (Podemos), com o presidente do SindMédico, Gutemberg Fialho, e seu vice, Carlos Fernando; e o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat, Ibaneis não obteve consenso de um nome para a Pasta. A possibilidade mais forte é pela escolha do Dr. Gutemberg. O governador eleito ainda administra pressões de pelo menos dois aliados que ficaram sem mandato. Os distritais Raimundo Ribeiro e Wellington Luiz, ambos do MDB, pleiteiam a Secretaria de Justiça e o Detran, respectivamente.
Transição – Quinta à tarde, Paco teve a primeira reunião com o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, para tratar da transição. As duas equipes começam a trabalhar juntas a partir de segunda-feira (5). Ibaneis promete acompanhar, mas tendo liberdade para continuar montando sua equipe e a base de apoio na Câmara Legislativa. Ele visitou a Casa na quarta-feira (30) para tratar do Orçamento de 2019. Na terça-feira (6) pretende se reunir com o presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Quer descobrir de onde poderá trazer novos investimentos para Brasília e pedir indicação para a Secretaria de Segurança Pública. Levará no bolso o nome do general Paulo Chagas (PRP), candidato derrotado ao Buriti. Também espera apoio para transformar o Aeroporto JK num terminal de carga. Para isso, já abriu as tratativas com a concessionária Inframérica.
CENTRAD – Ibaneis espera inaugurar, ainda no primeiro ano de sua gestão, o Centro Administrativo (Centrad) do GDF. O complexo foi entregue às pressas no último ato do governo Agnelo Queiroz (PT), em 2014, mas jamais assumido por Rollemberg, que alega problemas de ordem legal e garante que as despesas para manutenção da estrutura seriam maiores do que os custos com alugueis pagos atualmente. Ibaneis, no entanto, aposta que a centralização do atendimento de vários serviços num único local traria vantagens para a população. Ainda assim, ele pretende deixar postos avançados desse atendimento nas administrações regionais.