Há cinco anos temos discutido, tanto a sociedade civil organizada como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a questão da nova rotulagem nutricional. Inclusive, depois da publicação do Novo Guia Alimentar para a População Brasileira, em 2014, com a classificação dos alimentos baseada no seu nível de processamento.
Várias questões consideradas de extrema importância para a saúde coletiva da população precisam chegar de forma clara para todos os brasileiros, visto que a informação empodera cidadãos. Com isso, a proposta da ANVISA é adotar um modelo de rotulagem frontal de alerta para alto teor de gordura, sódio e açúcar, bem como pobre em fibras, como acontece no Chile e no Equador (modelo de semáforo).
Esses dois modelos são bem aceitos pela comunidade acadêmica e científica preocupada com o assunto, e vão de encontro com uma publicação recente da Cell Metabolism, que mostrou que uma dieta baseada em alimentos ultraprocessados leva a maior ganho de peso, mesmo se consumida na mesma quantidade calórica que uma dieta baseada em alimentos não processados.
O que temos visto nas últimas semanas são declarações completamente desconexas do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, com tais propostas. Ele falou pela primeira vez sobre o tema e defendeu o modelo italiano, que é meramente informativo, e não faz nenhum alerta sobre o risco do consumo excessivo de alguns compostos. Além disso, ainda falou sobre rever as orientações que o Guia de 2014 traz.
Fica o alerta para a população: não podemos sofrer tamanho retrocesso!