Ao oficializar a vontade de concorrer à presidência da CBF, em entrevista à principal emissora de televisão do país, Ronaldo Nazário deixou um recado claro: a entidade precisa virar uma SAF.
O herói do pentacampeonato mundial, em 2002, não tem a pretensão de entregar a confederação a um investidor privado, mas, sim, de profissionalizar a gestão. Nas palavras dele, “mexer nas nossas estruturas preservando o que nos sustenta, reformando o que nos faz ruir enquanto instituição”.
Para isso, Ronaldo se vale das experiências que teve como administrador no Cruzeiro, onde foi acionista majoritário até abril deste ano, e que ainda tem no Real Valladolid. O clube espanhol foi comprado por ele em 2018, em uma operação que girou em torno de R$ 140 milhões, foi rebaixado duas vezes e hoje ocupa a penúltima posição na primeira divisão do país europeu.
Desafios
Um dos desafios do ex-camisa 9 é resgatar o orgulho e a confiança do torcedor brasileiro. Ele tem a seu favor o status de ídolo e o prestígio junto a grandes marcas, mas precisará mostrar que é artilheiro também fora de campo. Marcar um gol, para quem balançou as redes 414 vezes na carreira, certamente é muito mais fácil do que construir consenso com clubes, federações estaduais, atletas, patrocinadores e demais atores da indústria do futebol.
Até porque, nos últimos tempos, CBF e credibilidade não couberam na mesma frase. Basta recordar que os últimos cinco presidentes se envolveram em polêmicas e/ou falcatruas. Ednaldo Rodrigues, atual mandatário, foi deposto em dezembro de 2023, quando a Justiça considerou que o pleito que o elegeu foi ilegal. Ele permanece no cargo até hoje graças a uma liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF.
O antecessor de Rodrigues, Rogério Caboclo foi afastado das atividades depois de ser acusado de assédio sexual e moral por duas funcionárias. Já Marco Polo Del Nero, José Maria Marín e Ricardo Teixeira foram banidos para sempre do futebol por esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O cenário de caos que Ronaldo encontrará, caso seja eleito em 2026, demonstra que a batalha para recuperar a velha paixão dos brasileiros será árdua. O que traz esperança é saber que um “Fenômeno” poderá estar à frente desta verdadeira e necessária revolução.