Sinceramente, não acredito que Romário esteja baixando o pau nos atuais dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) unicamente com a intenção de angariar votos para sua ascensão de deputado federal a senador da República pelo Estado do Rio de Janeiro, onde nasceu e é popularmente conhecido como estrela do futebol local e mundial. Até porque, sem dúvida, seu prestígio eleitoral aumentou bastante graças à sua recente atuação na Câmara, não só defendendo os interesses do esporte brasileiro em geral, mas também em favor de crianças com deficiência, sempre de peito aberto e sem o papo furado dos politiqueiros do vamos deixar como está pra ver como é que fica. O famoso Baixinho aperta o dedo na ferida e diz como curá-la: extirpando-a.
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No caso em questão, ao apontar os descalabros e as roubalheiras que se tornaram um círculo vicioso na CBF desde os tempos da gestão do cartola Ricardo Teixeira, que se reelegeu nada menos de cinco vezes consecutivas, desde 16 de janeiro de 1989 até 12 de março de 2012, quando saiu pela tangência da renuncia (o jeitinho brasileiro que os dirigentes corruptos descobriram para escapar da cadeia), mesmo tendo ele conseguido uma emendazinha para se manter até 2015.
Apesar de ter sido enquadrado como réu numa CPI em 2001 (*), juntamente com sua camarilha, depois de 12 meses de levantamento de provas e depoimentos colhidos pelos senadores, não se sabe como Teixeira conseguiu escapar das algemas da Polícia Federal, já que a ação de trancafiar ladrões foge à competência do Parlamento. Para variar, a emenda ficou pior do que o soneto: o ex conseguiu colocar em seu lugar José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, a quem Romário não poupa no seu linguajar do povão carioca que o elegeu:
– “José Marin é ladrão de medalha, de terreno público e apoiador da Ditadura. Del Nero, seu vice, foi detido e indiciado pela Polícia Federal por crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. E são esses que continuam comandando o nosso futebol. Querem vergonha maior que essa, somada àqueles 7 a 1?”
(*) Tendo à frente o incorruptível e atuante senador Lindberg Aziz Cury, a CPI de 2001 trabalhou, incansavelmente, durante um ano, indiciando 178 cartolas, muitos dos quais continuam dirigindo o futebol brasileiro, modalidade esportiva que movimenta mais de 10 bilhões de dólares por ano, apenas em patrocínios.