Rodrigo Rollemberg (PSB), mais uma vez, recorreu à Justiça para censurar os professores, orientadores educacionais e as escolas públicas do Distrito Federal. O governador moveu uma ação no Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) exigindo que a Escola Classe Guariroba, de Samambaia, retirasse um mural pedagógico que apontava problemas na capital federal.
O fato ocorreu na inauguração da escola, dia 2 de março, quando esteve no local e não gostou das críticas que estavam no mural, críticas estas permitidas pela democracia brasileira. Após o Sindicato dos Professores no DF ser notificado pela Justiça, a direção da escola retirou o material do mural, em respeito à decisão da Justiça.
O argumento utilizado por Rollemberg, já desconsiderado pelo TJDFT, tem sido o mesmo. Na tentativa de judicializar o mural pedagógico da Escola Classe Guariroba, o governador alegou que a escola estaria se utilizando da campanha do Sinpro “E agora, Rodrigo?”, mantendo a cartilha que o tribunal havia proibido nas dependências das escolas públicas, mas permitida nas ruas e nos meios de comunicação do DF.
Em sua decisão, o Tribunal reconhece o direito dos professores e do Sinpro de fazer críticas ao governo fora do espaço da escola, decisão não aceita por Rollemberg. O departamento jurídico do Sinpro está recorrendo da primeira sentença do Tribunal de Justiça, buscando esclarecer que as críticas da campanha são justas e fazem parte do processo democrático.
Mesmo consciente de que a campanha é legal, a diretoria colegiada do Sinpro, em respeito à ordem judicial, orientou todas as escolas do DF a não utilizarem o material da cartilha nas dependências das escolas, conforme primeira sentença impetrada pelo órgão do judiciário.
Em visita à Escola Classe Guariroba durante a manhã de quinta-feira (15), a diretoria colegiada do Sinpro conversou com os professores e constatou que os murais pedagógicos foram retirados. “Os murais que vimos, que o Tribunal solicitou que fossem retirados, não tinham nenhum material específico da campanha ‘E agora, Rodrigo?’. Não havia material da cartilha, cartaz, material impresso do sindicato ou produção com o slogan da campanha. O que a escola fez foi apontar os problemas que a cidade tem vivenciado, utilizando a poesia de Carlos Drummond de Andrade, uma obra pública, usada conforme as leis de direito autoral”, argumenta o diretor do Sinpro, Cláudio Antunes. E ele completa: “mesmo constatando que a escola não utilizou a cartilha, os murais produzidos foram retirados”.