Setor produtivo cobra ações do governo para combater a crise. Maior preocupação é com a insegurança jurídica promovida pelo Estado
- Advertisement -
Cinco meses após tomar posse, o governo Rodrigo Rollemberg (PSB) não desceu do palanque e continua pregando o pessimismo e espalhando a insegurança jurídica no Distrito Federal. Esta a posição unânime manifestada por lideranças do setor produtivo, na segunda-feira (25), durante um debate na Câmara Legislativa em que se buscava saídas para a crise. A iniciativa do encontro foi da presidente da Casa, deputada Celina Leão (PDT).
Na quinta-feira (28), o mesmo grupo, que forma o Conselho de Desenvolvimento Econômico do DF, se reuniu com Rollemberg, na residência oficial de Águas Claras. O governador chegou a se irritar com o pronunciamento do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Luiz Carlos Botelho Ferreira. “Temos um governo novo que já esta ficando velho, no sentido de que não produz”, bradou o empresário. Rollemberg devolveu: “não temos condições de fazer milagres. Todo mundo sabe a situação em que a gente encontrou o governo”.
A reação de Rollemberg, no entanto, não sensibiliza o empresariado, que quer ver mais ação e menos lamentações por parte do governo. Segundo o presidente do Sindivarejista, Édson de Castro, que representa 30 mil lojas que oferecem 100 mil postos de trabalho, o comércio está parado e o GDF não investe em ações que poderiam ajudar o setor a reagir. “As feiras e os camelôs estão acabando com o Distrito Federal”, afirmou.
Castro citou, ainda, a necessidade de criação de uma delegacia especializada para atender os crimes praticados contra os comerciantes e a intensificação do policiamento preventivo pela PM. Cobrou também a ampliação de estacionamentos públicos, a implantação de vagas rotativas (zona azul) e a criação de outlets, em áreas da Terracap, para que os lojistas possam promover liquidações de mercadorias encalhadas, aumentando, assim, o capital de giro.
O presidente do Clube dos Dirigentes Lojistas (CDL), Álvaro Silveira, foi mais contundente: “o governo está congelando a atividade econômica do DF. Um clima de terrorismo se abateu sobre Brasília. Não há segurança jurídica para os investidores, porque o Estado não honra compromissos”. Já o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Materiais de Construção (Sindimac), Carlos Aguiar, chegou a pedir socorro e clemência ao governo para salvar os 25 mil empregos diretos gerados pelo setor.
Presidente da poderosa Fecomércio, o ex-senador Adelmir Santana reiterou a necessidade de a sociedade “pressionar o poder Executivo” para que ele invista na economia como forma de combater a crise. “Existe um impasse. Afinal, 40% do Produto Interno Bruto (PIB) estão nas mãos do Estado – União, estados e municípios. Há necessidade de essas instâncias proporem projetos estruturantes. Especificamente no DF, é necessário investir nas cidades do Entorno, na formação de mão de obra e na revitalização da W-3. Do contrário, formaremos um grande cinturão de miséria ao redor de Brasília, pior até que a Baixa Fluminense, no Rio de Janeiro.
NA HORA
- Advertisement -
Como reflexo do calote que o governo tenta aplicar nas dívidas de R$ 1,5 bilhão com fornecedores, deixadas pela gestão passada, Brasília tem enfrentado crises em todas as áreas. Na segunda-feira, o secretário de Saúde, João Batista de Sousa, declarou que “a situação é crítica e a tendência é de que vai piorar”.
Na quinta-feira (28), o secretário da Fazenda, Leonardo Colombini, voltou a admitir que pode faltar dinheiro para pagar salários de servidores até o final do ano. Ele se lamentava da decisão do Tribunal de Justiça (TJDF) de manter os reajustes concedidos pelo GDF para 32 categorias em 2013 e que terão de ser pagos. O impacto nas contas deste ano será de R$ 600 milhões e de R$ 1,7 bi em 2016.
Rollemberg também não autorizou o pagamento de R$ 7 milhões à B2Br, gestora do serviço Na Hora. A empresa suspendeu, parcialmente, suas atividades deixando a população sem atendimento de Detran, Secretaria de Fazenda, emissão de carteiras de trabalho e de passaportes. Cento e sessenta funcionários correm risco de demissão. Na sexta-feira (29), o governo anunciou a assinatura de novo contrato para o Na Hora, com a ATP, uma empresa envolvida no escândalo da Operação Aquarela, da Polícia Civil.