Para onde vão e por que R$ 323 milhões destinados ao SUS-DF não foram executados pelo governo Rollemberg ao longo de 2017? A matemática é simples: quanto menor o investimento no sistema público de Saúde, maior o número de mortes evitáveis. Ainda assim, a atual gestão do Buriti insiste na omissão e segue diminuindo a aplicação efetiva da verba destinada à área: uma queda de 70,55% no decorrer dos últimos quatro anos, segundo levantamento no Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo). A situação, diante do caos em hospitais e unidades públicas de saúde do DF, chama a atenção, inclusive, do Ministério Público do DF, que cobrou explicações ao secretário de Saúde, Humberto Fonseca.
Contudo, por mais que o GDF se esforce para arranjar desculpas, a resposta é uma só. Os R$ 323 milhões que poderiam ter salvado centenas de vidas não foram executados por absoluta falta de vontade. Não foram usados nos hospitais e unidades públicas de Saúde porque o objetivo está longe de ser esse.
Será que Rollemberg e Humberto Fonseca pouparam para gastar naquilo que, de fato, lhes interessa?
Estranhamente, após não executar – diante do atual caos na Saúde – R$ 323 milhões voltados à rede pública, agora, no início da última semana, foram publicados no Diário Oficial do DF (DODF) os regulamentos próprios de contratação de pessoal e de compras para o tal Instituto que, a qualquer custo – inclusive ao custo de vidas – deve começar a funcionar em janeiro do próximo ano. Até porque, como afirmei em outras situações, o Instituto Hospital de Base será utilizado por Rollemberg, na tentativa de reeleição, como a suposta solução para a saúde do DF.
Neste sentido, o contingenciamento de R$ 323 milhões do SUS-DF parece apontar para um caminho tão obscuro quanto a própria criação do Instituto Hospital de Base. E se isso se confirmar ao longo dos próximos meses, Rollemberg provará que, na sua gestão, os fins justificam os meios. Tanto é que, enquanto os investimentos na Saúde caem, as cifras voltadas à publicidade aumentam a cada ano. Entre 2015 e 2016, por exemplo, o gasto com propaganda teve acréscimo de nada menos do que 68,9%. No mesmo período, vale recordar, em vez de investimentos, a única coisa que cresceu nos hospitais públicos do DF foi o número de mortes evitáveis, um salto de 20%.
E como os números não mentem, no fim das contas, entre investimentos e a não execução de orçamentos, o saldo é evidente. Em vez de vidas, Rollemberg prefere salvar a própria imagem, sem medir esforços para criar ilusões, como o próprio Instituto Hospital de Base: uma das maiores farsas da sua tentativa de reeleição.