O Cidadania tem novo presidente nacional. Por 67 a 29 votos, o Diretório Nacional afastou o ex-deputado Roberto Freire, que presidia a legenda desde 1992. O ex-deputado estadual Plínio Comte Bittencourt (RJ) assume o cargo. Também foram eleitos três novos vice-presidentes, entre eles o ex-governador do DF, Cristovam Buarque.
Freire comunicou na plenária on-line que deixaria o partido. Entretanto, segundo correligionários próximos, ele estaria repensando a desfiliação. O afastamento dele já vinha sendo cogitado, conforme essa coluna antecipou em agosto.
A ala vencedora na plenária do fim de semana passado entende que o Cidadania deve apoiar o governo Lula, mas enfrentava resistência ideológica de Roberto Freire, de seus discípulos e da bancada de cinco deputados federais.
DF – No DF, a presidente do diretório local, deputada distrital Paula Belmonte, não quer saber de adesão ao governo Lula. Mas a pressão sobre ela será grande. “Aqui, o DF não pode ficar fora de uma guinada à esquerda, mas temos uma presidência à direita”, comentou Cristovam.
“Logo, a Executiva Nacional se reunirá para debater os problemas nos estados e dar curso à reconstrução do partido, uma reorientação que leve em conta a visão nacional e a história de nosso partido. A situação de Brasília é, primeiro, responsabilidade dos filiados e membros do Diretório Regional, que já estão discutindo uma reorientação”, salientou Chico Andrade, ex-presidente do Cidadania.
Ex-secretário de educação do DF, Marcelo Aguiar, que teve seu nome apontado para substituir Belmonte, acha que ainda é cedo para se vislumbrar qualquer reflexo local. “Temos que aguardar o posicionamento dos companheiros de Brasília, que estão entre os que foram derrotados na reunião – se vão acompanhar ou não o Freire, que comunicou sua saída das direções do partido”, afirmou.
Tratamento deselegante
Procurada, Paula Belmonte não quis comentar o novo destino do Cidadania. Ela ainda não avaliou o quadro, mas se solidariza com Roberto Freire, com quem conversou na manhã de segunda-feira (11), hipotecando sua solidariedade. Belmonte vem batendo na tecla de que o partido deve adotar posição de independência, sem alinhamento com governos, seja o federal ou o distrital.
Ela, contudo, se sente incomodada com o partido. Crítica à federação com o PSDB, a quem acusa de ter sepultado seu projeto de concorrer ao GDF, em 2018, reclama do tratamento – tido como deselegante e radical –, que recebe de dirigentes nacionais e de outros estados. Belmonte tende a esperar a poeira assentar, antes de definir seus próximos passos.