Em geral, as tradições espiritualistas colocam como provas mais difíceis para seus discípulos aquelas relacionadas ao sexo, dinheiro e vaidade. Especificamente, sobre o perigo da riqueza, Jesus referiu-se a ela em várias passagens, notadamente na parábola do rico e de Lázaro. É muito difícil encontrar alguém que, sendo rico, procure preenchimento espiritual. Quanto maior o atraso espiritual maior é o encantamento com a ilusão de poder e superioridade que o dinheiro proporciona.
Ricos, em geral, são pessoas que vivem apenas para acumular, ostentar, permanentemente preocupadas em passar imagens de conforto e abundância. Dificilmente param para apreciar uma boa música, um bate-papo agradável, um bom livro, sem preocupação com negócios e bolsas de valores, especialmente agora, com o maldito celular.
Quando a morte se aproxima, lamentam a forma equivocada como viveram. Achavam que o dinheiro era tudo. Que todos os meios para ganhá-lo eram lícitos. Podiam gritar, humilhar, corromper, esquecidas do sentimento de solidariedade que manda ao que tem mais ajudar e elevar o que tem menos.
Quantas vezes a vida as levou a observar e terem companhias de pessoas agradáveis e sábias, e delas nada tiraram para melhorar sua vida e seu viver. A obsessão estava apenas em acumular, fosse sonegando impostos, explorando empregados, trapaceando para vender ou ganhar concorrências e ignorando a própria saúde.
E Jesus, pergunta: Insensato! hoje mesmo levarão tua alma, e o que acumulaste para que servirá? De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Pobres ricos. \”São tão pobres que só têm dinheiro\”, dizia Chico Xavier.
A morte se aproximando cada vez mais e, de uma rádio distante, \”coincidentemente e sincronicamente\”, chegam os acordes da música dos Titãs, que se torna uma tortura: \”devia ter amado mais, trabalhado menos, complicado menos, ter me importado menos com problemas pequenos, aceitado as pessoas como elas são, ter visto o sol se pôr…\”.
Por: José Matos