Sinpro-DF
Nesta semana, a Presidência da República do Brasil abandonou as recomendações médicas e científicas de combate ao alastramento do novo coronavírus da Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Unesco e suspendeu as medidas de contenção da pandemia no Brasil.
O governador do Distrito Federal foi um dos chefes de Executivos a se alinhar com esse posicionamento. Nesta quarta-feira (22/4), determinou ao secretário de Educação, João Pedro Ferraz dos Passos, que agilize estudos para reabrir, em 10 dias, as turmas do Ensino Médio da rede pública. No início de abril, Ibaneis Rocha (MDB) prometeu não relaxar com o isolamento social.
“Não tem como evitar a circulação de pessoas se a cidade tiver escolas públicas e privadas funcionando. Temos um risco muito grande de contaminação. Esse é o cuidado que temos de ter e eu não vou relaxar em relação a isso”, assegurou.
Na sexta-feira (17/4), o tom ainda era o mesmo. Dizia que manteria o teletrabalho e as escolas fechadas. Todavia, três dias após a reunião com Bolsonaro, afrouxou o discurso e, nesta quarta, publicou ofício pedindo um plano de volta às aulas do Ensino Médio.
TAXAS EM CRESCIMENTO
O Sinpro-DF entende que, com isso, Ibaneis colocará o brasiliense na rota das elevadas taxas de contaminação e morte, como já ocorre em várias cidades do Brasil. Os testes que ele mandou aplicar em moradores de Águas Claras e Plano Piloto, nesta semana, revelam que a pandemia está em ascensão no DF.
A comunidade escolar está aflita. O retorno às aulas neste momento de véspera do pico potencializará o contágio em massa que irá ultrapassar os dois milhões de habitantes.
Isso vai ocorrer porque a soma do número de estudantes e de trabalhadores da educação na rede pública é mais de meio milhão de pessoas convivendo em escolas cheias, salas de aula lotadas e superlotadas.
“Se considerarmos que cada aluno integra família com quatro pessoas, a taxa será alarmante. Reabri-las na véspera de pico da pandemia com um país que está no escuro por causa da falta de testes e do número elevado de subnotificações é um ato de desumanidade que resvala no desprezo à vida”, afirma a diretoria.
Os dados desta quarta-feira (22/4), da Universidade John Hopkins, mostram que, às 8h39, o Brasil tinha 43.368 casos confirmados de contaminação e 2.761 mortes pelo novo coronavírus.
Uma hora depois, às 9h39, o total de casos confirmados já era 43.592 e o de mortes por coronavírus 2.769. Nove horas depois, às 17h38, o total de casos confirmados era 45.757 e, o de mortes, 2.906.
A contaminação e a morte aumentam, a cada hora, assustadoramente. E esses números ainda não são reais por causa da subnotificação e omissões de informação a respeito da pandemia.
APELO EM DEFESA DA VIDA
O Sinpro-DF observa que o presidente Bolsonaro caminha para o lado oposto do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pediu aos presidentes do G-20 para tomarem medidas drásticas contra o novo coronavírus a fim de evitar uma “pandemia de proporções apocalípticas”.
Os dados de contaminação e mortes por causa da covid-19 ou ‘síndrome respiratória aguda grave’ têm demonstrado que a ciência está certa nas medidas de contenção do avanço da doença.
“As únicas iniciativas capazes de barrar uma tragédia são, necessariamente, as medidas combinadas de distanciamento e de isolamento sociais, com fechamento de locais que juntam aglomeração, como escolas, cinemas, restaurantes, academias, ambientes em que as pessoas ficam muito próximas umas das outras”, adverte a diretoria.
O Sinpro-DF faz o apelo ao governador em nome de toda a população do DF para que não atenda ao pedido da Presidência da República e preserve a vida de estudantes e suas famílias, bem como a dos trabalhadores da educação.
Por isso, iniciou, nessa terça-feira (21), a campanha “A escola não pode morrer!”, a fim de levar a todos o alerta sobre o risco que é reabrir escolas em todo o País neste momento.