Até hoje, nunca tivemos uma “era nutricional” tão restritiva quanto a atual. Vi em uma rede social uma piadinha entre os nutricionistas e resolvi falar sobre isso. A piada é uma “carta do ovo para o glúten”, tentando consolar o mais novo vilão da alimentação. Em artigos anteriores, já escrevi sobre o glúten, e vimos que realmente devemos dar atenção às intolerâncias e alergias, e que elas de fato existem. Mas a valorização disso, como alternativa saudável é que incomoda a ciência.
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Algumas pessoas apresentam intolerâncias ou alergias alimentares, e isso deve ser bem investigado e analisado. As prescrições dietéticas devem ser individualizadas para cada caso. O fato de alguns estudos mostrarem que “glúten aumenta a inflamação” e que isso pode estar relacionado ao ganho de peso por favorecer o acúmulo de gordura tornou-se um motivo que parece justificar toda e qualquer exclusão desse item na alimentação, que, aliás, está presente na alimentação humana há centenas de anos.
A obesidade vem acompanhada da revolução industrial e das mudanças no estilo de vida no planeta. Então, eu pergunto: por que insistir em excluir alimentos que sempre fizeram parte da alimentação de nossa espécie como regra para todos?
A bola da vez é o glúten, assim como a lactose já esteve mais em alta, da mesma forma que o ovo. Enfim, quero alertar que não é um alimento ou nutriente específico, presente em um grupo de alimentos, que determina a composição corporal ou o desenvolvimento de doenças, mas sim, um conjunto de alimentos que fazem parte do dia a dia das pessoas, que compõem um hábito alimentar.
E mais: atitudes diárias que representam um hábito de vida. Você excluiu o glúten da dieta, mas fuma? Sinto muito, está inflamando da mesma forma, ou muito mais. Não come mais carboidrato à noite porque te contaram que engorda, mas é sedentário? Lamento informar que a inatividade física é a responsável pelos seus quilinhos a mais e não o “carboidrato da noite”.