Orlando Pontes
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O que seriam Paris sem a Avenida Champs Elysee e a torre Eiffel e Nova Iorque sem a Quinta Avenida? Dá pra imaginar o centro do Rio de Janeiro sem os velhos casarões e os arcos da Lapa? Nenhum francês, novaiorquino ou carioca aceitaria pacificamente qualquer agressão a esses logradouros, tratados pelos nativos de cada uma das famosas metrópoles como patrimônios de suas cidades. Eles fazem parte da História daquelas populações.
Não é o que ocorre em Brasília. Moramos numa cidade linda, planejada, jovem e incrivelmente maltratada por governantes insensíveis e por empresários gananciosos, que só enxergam cifrões e lucros ilimitados. Não vêem obstáculos intransponíveis quando pensam em ganhos imediatos. A simples cogitação de se demolir o Cine Drive-In deveria ser motivo de comoção na Capital da República. Trata-se de um espaço democrático, belo e único.
Destruir o Drive-In para expandir o autódromo a fim de atrair um evento de duração efêmera como a Fórmula Indy é absurdamente injustificável. Da mesma forma que o são a derrubada de árvores na W-3 (que deveria ser a nossa Champs Elysee e, lamentavelmente, vive abandonada), a demolição da rampa de skate na Praça do DI, em Taguatinga, ou a destruição de uma praça pública construída e mantida pelos moradores da vizinhança, em Samambaia.
Os responsáveis por tamanhas agressões deveriam responder na Justiça por seus atos. Porém, como isto jamais vai acontecer no Brasil, o melhor é evitar que eles os pratiquem. É hora de todos os que amam Brasília dizerem um rotundo não a essa ideia de jerico de quem quer acabar com o Cine Drive-In. Não aceitaremos que ela se concretize, em respeito a nossa História.
E se o Drive-In eventualmente for empecilho para a vinda da Indy para Brasília, então que ela continue sendo realizada nas ruas de São Paulo ou nos circuitos ovais dos Estados Unidos. Aqui, não, violão!