Um verdadeiro trabalho de arqueologia está acontecendo sob as águas do Lago Paranoá. A busca é pelos vestígios da vida de operários que ajudaram a construir Brasília, objetos que fizeram parte do passado, espécies diversas. Parte da história, da fauna e da flora da capital federal ocultadas desde que as águas do Rio Paranoá correram pelo vale que acabou se transformando no Lago Paranoá. A partir de outubro, as primeiras imagens desse mundo desconhecido de muitos vão estar disponíveis na internet.
Trata-se do Projeto de Mapeamento Georreferenciado do Paranoá. Idealizado por Frank Bastos, consiste em um site colaborativo, que receberá dos mergulhadores vídeos e informações do que vier a ser encontrado.
No início de Brasília, vários acampamentos de construtoras e vilas inteiras foram erguidos na área que seria inundada. O recém-criado Parque dos Pioneiros Engenheiro Cláudio Sant’Anna ocupa exatamente um local que outrora abrigava barracões, oficinas, residências daqueles que vieram construir as residências dos futuros servidores públicos da Nova Capital.
Além de resgatar a memória da construção da Capital, serão mapeadas as espécies de vida encontrada para auxiliar pesquisas e discussões sobre os usos do lago. Dono de uma escolha de mergulhadores, Frank relata que tem notado migrações e extinções de espécies de peixes e de outros animais. O trabalho também mostrará o desleixo do brasiliense com o Paranoá. “Já encontramos banco de cimento e até um orelhão telefônico”, diz.
Vila submersa
Da parte histórica da cidade, já foram encontrados restos de casas, fazendas, estátuas, carros, ônibus e até um cânion. Parte desses objetos estava 15m abaixo da água, mas há áreas do lago com 40 metros de profundidade que exigem diversos mergulhos para serem registradas.
Um mapeamento especial, envolvendo dezoito mergulhadores, focará a extinta Vila Amaury, que abrigava cerca de 16 mil candangos. Eles acreditam poder encontrar ainda vestígios, tais como partes dos barracos e utensílios domésticos.