A prisão do chefe da Polícia Legislativa, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, na sexta-feira (21) – ele foi liberado na quarta-feira (26) – desestabilizou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Irritado com a ação da Polícia Federal na Operação Métis, Renan chamou uma coletiva na segunda-feira (24) e esbravejou:
“Um juizeco de primeira instância não pode a qualquer momento atentar contra um Poder. É lamentável que isso aconteça em um espetáculo com a participação de um ministro do governo [referência ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes], que não tem se comportado como ministro e sim como polícia”.
Na terça (25), ao abrir a sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, foi direto ao ponto:
“O que não é admissível aqui, fora dos autos, é que qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado\”. E completou: \”Todas as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes é agredido. E não há a menor necessidade de, numa convivência democrática, livre e harmônica, haver qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da constitucionalidade e da legalidade\”.
Na esteira da fala de Carmen Lúcia, os magistrados manifestaram apoio ao juiz da 10ª Vara Federal do DF, Vallisney de Souza Oliveira, que autorizou a ação da PF contra a Polícia Legislativa. Diante da reação da ministra, Renan anunciou que vai entrar com ação na Justiça para fixar competências dos Poderes.
Enquanto isso no plenário, senadores repudiavam a invasão e destacavam que nem na ditadura houve ação como essa.
Para evitar uma crise, Micher Temer reuniu, nesta sexta-feira (28), os presidentes do Senado e do Supremo e o ministro da Justiça, no lançamento do Plano Nacional pela Segurança Pública, quando Renan se desculpou com Cármen Lúcia.
Na terça, Renan havia convidado Carmen Lúcia para uma conversa. A ministra declinou do convite, o que rendeu, pelas redes sociais, ironias contra o presidente do Senado, que passou a ser chamado de “senadorzeco”.
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