O casamento é tido hoje como uma instituição social e religiosa. Ele é necessário para a organização de uma sociedade e é visto como um ato divino dentro de um ponto de vista espiritual. É importante lembrar que a origem do matrimônio não foi iniciada a partir de uma visão romântica ou espiritual. A sua origem esteve muito relacionada à necessidade de organização social em vista de se poder assegurar a propriedade de uma família. Ou seja, se não houvesse casamento, não haveria família e assim as propriedades não poderiam ser destinadas a alguém, seriam de todos. Como tudo evolui, é possível observar na história do casamento a evolução de como essa instituição foi sendo vista e percebida por todos nós.
Em função dessa necessidade de resguardo patrimonial, inicialmente os casamentos eram arranjados. Ou seja, quem escolhia os parceiros ou as parceiras eram sempre as famílias, visando seus próprios interesses. Época dos dotes. A partir de uma não possibilidade de escolha, foi-se percebendo como estar apaixonado ou amando era essencial na escolha do parceiro (a). Esta forma de pensar era muito criticada na época, pois o discurso familiar acreditava que o amor era construído. E de fato, os antigos não deixavam de estar certos. O amor é construção. E ainda temos amores antigos muito bonitos, enraizados e que devemos ter como referência, inclusive para os dias atuais.
Mas na prática, para ser construído é preciso haver predisposição de ambas as partes. E é esse o detalhe essencial para fazer um relacionamento dar certo, seja ele dos tempos antigos ou dos tempos atuais. É aí que uma escolha amorosa ajuda a ter essa motivação inicial e que deve perdurar para enfrentar todos os desafios que uma relação propõe.
Eis uma questão que não cala: se hoje os casais podem escolher e afirmam que casaram por amor, por que temos tido altos índices de divórcios e dissoluções familiares? Como será que anda a nossa evolução a partir desse tema? É tão comum ver pessoas querendo casar e vemos tantas festas exuberantes, nas quais se gastam verdadeiras fortunas para guardar de lembrança. Mas qual será o sentido que toda essa geração está dando ao casamento? Por que essas uniões não duram mais tempo? E a que amor é esse que nos referimos na escolha?
Talvez o ponto base seja rever o que entendemos sobre relacionamentos. Os relacionamentos mais bonitos são aqueles fundamentais em entrega, renúncia, aceitação, abdicação, paciência, humildade, tolerância e diálogo. E óbvio que não é fácil se relacionar e muito menos crescer numa relação. É sempre um desafio acalentador para a nossa alma quando vemos os resultados de um sólido amor. Finalizo este artigo com uma passagem bíblica no capítulo 1 de Coríntios 13:4-7, que diz: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se irrita facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
(*) Psicóloga, neuropsicologa, psicodramatista, terapeuta sexual, palestrante, especialista em Brainspotting e EMDR.