Nathália Guimarães
O consultor de marketing político Lucas Mendes Pimenta, de 38 anos, registrou um boletim de ocorrência por injúria racial após ser alvo de supostas ofensas durante uma palestra em São Paulo. O caso ocorreu no dia 27 de outubro, no Compol SP, realizado no auditório da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Estadual (Afresp), e envolveu um jornalista do site Brasil 247.
Segundo o Boletim de Ocorrência registrado no 1º Distrito Policial de São Paulo, onde está sob apuração da Polícia Civil, ao qual o Brasília Capital teve acesso com exclusividade, Pimenta falava sobre comunicação política quando o jornalista Leonardo Sobreira teria emitido um som com a boca e deixado o local. “Algumas pessoas relataram que parecia uma vaia. Outras, uma imitação de macaco”, descreveu Pimenta.
Em outro relato às autoridades, o marqueteiro narra que Sobreira publicou, horas depois, uma reportagem no veículo em que trabalha utilizando sua foto e expressões como “odor de bueiro” e “baixa qualidade” para descrever o evento. Após o episódio, o Brasil 247 retirou a matéria do ar e ainda não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido.
Em contato com a reportagem, o marqueteiro criticou a postura do repórter e reforçou que foi vítima de racismo. “Fui o único palestrante preto daquele painel, o único a quem ele dirigiu o som e o único cuja imagem foi usada na reportagem. O repórter que deveria denunciar o racismo, o praticou. O que diz combater o fascismo, agiu como fascista. O que clama por democracia, a matou em nome do radicalismo”, afirmou.
Ao Brasília Capital, o editor-executivo do Brasil 247, Leonardo Sobreira, enviou uma nota (leia na íntegra abaixo) que desmente as acusações. “Na manhã do dia 27 de outubro, compareci à conferência de marketing político Compol, organizada por agências do setor de comunicação, em São Paulo, capital, e, ao entrar no evento me credenciei, me acomodei e, paralelamente, perguntei a uma organizadora se poderia me apresentar uma nominata dos painelistas, me dirigindo próximo ao palco em certo momento para perguntar a uma nova organizadora se poderia me fornecer o documento, e lá permaneci aguardando. Escuto então as falas do indivíduo, que tanto me desconcertaram que resolvi me retirar em protesto do evento, parando em certo momento ao centro do corredor do auditório em direção à porta de saída para vaiá-lo pela exposição. A reportagem produzida, deletada do site Brasil 247 e redes associadas prontamente e sem qualquer solicitação externa, o retratava como um bolsonarista que utilizou uma IA de um ministro de Estado e ofensas a ele dirigidas para promover seus interesses comerciais, além de criticar o evento como “de baixo nível” e comparável ao que vem dos “bueiros”. As vaias foram interpretadas por dois presentes no evento, segundo o homem postou em sua rede social, de forma racista. A acusação também foi dita pelo próprio indivíduo em suas redes sociais. Trata-se de calúnia por acusação sem base de um crime grave, para dizer o mínimo. Nego veementemente qualquer conotação racista decorrente das vaias dirigidas ao indivíduo e expresso que o contato prévio, requerimento jornalístico básico, foi ignorado”, afirmou Sobreira.
Saiba +
Jornalista, formado pela Universidade Anhembi Morumbi, com especialização em Marketing Político pela PUC-SP, Lucas Pimenta atuou em dezenas de campanhas eleitorais, entre elas as de Soraya Thronicke ao Planalto, em 2022, e de Amom Mandel, à Prefeitura de Manaus em 2024. Atuou na Secretaria Executiva de Comunicação da Prefeitura paulistana na gestão Fernando Haddad (PT). Com cerca de 100 mil seguidores nas redes sociais, é criador da plataforma “Escola dos Políticos”, voltada à formação em comunicação e estratégia eleitoral.
