A reunião da Executiva Nacional que selou o afastamento provisório de Luciano Bivar da presidência do União Brasil, na quarta-feira (20), teve bate-boca, presença de policiais civis e até temor por um atentado à sede do partido. Bivar participou por videoconferência e tentou tumultuar desde o início.
Primeiro, argumentou que Antônio Rueda, Ronaldo Caiado e Elmar Nascimento, membros da Executiva, estariam “prejudicados” por já terem declarado o voto publicamente. O secretário-geral, ACM Neto, rebateu, alegando não haver amparo no estatuto. Mas submeteu o pedido à aprovação. Foi negado por 11 dos 17 membros.
O ex-aliado de Jair Bolsonaro insistiu, aos gritos, para que a deliberação fosse adiada. Foi o estopim para uma discussão áspera entre ACM Neto e Bivar. Na sequência, o microfone do pernambucano foi cortado.
Em coletiva à imprensa, Neto confirmou o desentendimento. “Houve, no início da reunião, uma certa discussão de impedimento ou não levantada por ele. Mas o próprio representado, o deputado Luciano Bivar, não entrou no mérito da representação. Ele não pediu a palavra para apresentar sua defesa”, afirmou.
A defesa de Bivar informou, em nota, que analisará todas as medidas administrativas e judiciais que o caso requer e ressaltou que o processo de afastamento foi conduzido de “maneira anômala”.
“Os próprios representantes são as ‘supostas vítimas’, acusadores e julgadores, agindo em interesse próprio, contrariando o devido processo legal, ampla defesa e contraditório, mesmo após reiterados desrespeitos às questões de ordem apresentadas acerca de impedimentos legítimos”, diz um trecho do documento.
Polícia em campo
Em virtude das ofensas e ameaças a dirigentes partidários e seus familiares, a Polícia Civil do Distrito Federal fez uma varredura na sede do União Brasil, no Centro Empresarial Brasil 21, em Brasília. Três policiais à paisana acompanharam a reuniã. Até uma rota de fuga foi traçada em caso de atentado. Isso porque Antônio Rueda e Maria Emília, sua irmã, registraram boletim de ocorrência contra Bivar.
Outro motivo que fundamentou a destituição do cacique pernambucano é a validação de cartas de desfiliação de seis deputados federais do União Brasil do Rio de Janeiro sem submeter à decisão colegiada, mesmo após parecer do Ministério Público Eleitoral em processo judicial que tramita no TSE contrário à desfiliação.
Com a decisão, o vice-presidente Antônio Rueda assume interinamente o comando da legenda. No último dia 29, ele havia sido eleito presidente do partido pelos próximos quatro anos. Agora, a Executiva Nacional submeterá o caso ao Conselho de Ética do União Brasil para apresentar uma decisão definitiva, de mérito, em até dois meses.