Em 2017, a cúpula “Governo de Brasília”, incluindo o então chefe do Executivo local, anunciou uma ordem de serviço que daria fim aos transtornos de muitos moradores do Gama. Rodrigo Rollemberg (PSB) divulgou com pompas e confetes o início das obras de recuperação na Avenida dos Pioneiros, fundamental para quem quer acessar as cidades do Entorno Sul e ainda precisa chegar às chácaras da Ponte Alta ou mesmo a BR-060 (Brasília-Goiânia).
Mas aquela ação se resumiu apenas à festa de lançamento da obra. Até o fim do mandato do socialista, em dezembro de 2018, nada foi feito. A população do Gama ainda esperaria mais alguns anos para ver aquela, que é uma das principais vias da cidade, com asfalto, meios-fios e rede de drenagem.
Foi no governo de Ibaneis Rocha (MDB) que Dílson Souto, 60 anos, dono de uma eletrônica na Quadra 5 do Setor Sul começou a ver realizado o sonho que cultivava havia décadas: de ver o “Pistão Sul”, como é chamada a Avenida dos Pioneiros, recapeada e com rede de escoamento de águas pluviais pronta.
Rodoviária – Dílson tem a eletrônica desde de 1983. E garante: “Nunca vi um serviço tão bem feito”. Segundo ele, o máximo de obras que já viu ali foi a ineficiente operação tapa-buraco. “Não adiantava. Passavam-se alguns dias, e abria novamente. Pior: o buraco até aumentava de tamanho”, lembra ele.
Mas o pior não eram somente os buracos. A Avenida padecia de um mal que assola as principais vias do Distrito Federal. No período de chuvas, o acúmulo de água da chuva formava uma piscina gigantesca de lama. A ponto de carros enguiçarem. Com este cenário, a avenida era palco de reportagens jornalísticas corriqueiras em período de chuva.
Mas agora a situação de caos e transtorno é coisa que faz parte do passado. Os serviços foram iniciados em janeiro de 2020. Em cerimônia com a presença da população do Gama e autoridades do Governo do Distrito Federal, Ibaneis assinou nova ordem de serviço.
Desta vez, as obras saíram do papel. E o governador resgatou um antigo slogan da época da criação da cidade: “Quem ama, mora no Gama”. Ele apenas trocou o verbo: “Quem ama, cuida do Gama”. E emendou:
“Esta é a principal avenida da cidade e que há 23 anos não passava por reformas. A licitação dessa obra vem acompanhada de um conjunto de outras, como das calçadas e gramados e também da Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) e da rodoviária do Gama, que era um pedido da população”.
Investimento de R$ 7,8 milhões
A restauração de pavimento e dos meios-fios teve investimento de R$ 7,8 milhões. O trecho de 3,8 km, que será executado pela Novacap, fica entre a Avenida Contorno e a Via SC-5. Além do pavimento, foram feitas faixas de rolamento e baias de ônibus.
A sinalização horizontal e vertical também foi refeita, como a instalação e substituição de placas de trânsito e a pintura de todo o trecho da via. “Nunca aconteceu nada parecido aqui no Gama. Eles tiraram todo o asfalto e construíram um novo. Os buracos sumiram”, atesta o morador Luís Cláudio Souza, 49.
A obra ficou tão completa que até mesmo quem se locupletava daquela situação de caos e prejuízo para os motoristas que tiveram os pneus dos seus carros rasgados por um buraco elogiou. Dono de uma borracharia no Setor Leste, mas virada para o Pistão Sul, Paulo César, 30, garante que não sofreu impacto no seu negócio por causa do fim dos buracos. Mas admite: “Já atendi muitos clientes que se deram mal ali”.
UPA vai atender setores de Indústria e Leste
A recuperação da Avenida dos Pioneiros não foi a única obra que ficou pelo caminho. Em 2016, governo da época anunciou a construção de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no Setor de Indústrias (SI) do Gama. As obras até foram iniciadas, enchendo a população de esperança de poder contar com mais um lugar de atenção à saúde pública. Mas ficou só ali. No sonho.
No início de 2020, o atual governo deu continuidade ao trabalho. Só modificou um detalhe: para levar a responsabilidade à sua gestão, Ibaneis Rocha mudou o nome de UBS, que era então um projeto do governo federal, para Unidade de Pronto-Atendimento (UPA).
De acordo com o Instituto de Gestão Estratégia de Saúde (Iges-DF), a UPA do Gama foi incluída num pacote de outras seis, que terão um investimento de R$ 34 milhões. Transformar a UBS abandonada em uma UPA é um dos planos do governo que vai sair do papel. Só naquela UPA serão injetados R$ 3,9 milhões.
A UPA do Gama ficará na QI 6, onde estão as comunidades dos setores de Indústrias e Leste. A unidade vai funcionar 24h e prestará o primeiro atendimento aos casos emergenciais, estabilizando os pacientes e realizando a investigação diagnóstica inicial, definindo a necessidade de encaminhamento a serviços hospitalares de maior complexidade.
Mesmo já vendo o prédio da UPA erguido e o trabalho sendo feito diariamente, a dona de casa Maria de Fátima Ferreira, 45, parece não acreditar que a obra sairá do papel. “Demorou muito. Mas agora parece que estão bem adiantadas. Será muito importante para a gente que mora no Setor Leste, que fica longe do hospital (HRG, que fica no Setor Central)”, disse ela, que reside na Quadra 50.