Vivemos um contexto de crise econômica, ética e institucional que amplia desigualdades, marginaliza muitos segmentos da população, precariza o trabalho, aumenta a violência, destrói direitos e reduz drasticamente as políticas públicas. Soma-se a esse quadro o desmonte de todo o sistema educacional, com ações constantes de cerceamento do exercício de ensinar, da instituição de escolas militarizadas e do desmonte das universidades públicas.
O racismo se exacerba. Crescem os ataques à juventude (em especial aos jovens negros), aos indígenas e à população LGBT. É assustador o aumento do feminicídio. A narrativa violenta, fascista, homofóbica, machista, de desprezo às trabalhadoras e aos trabalhadores, que parte principalmente do Presidente da República e de seus asseclas, imobiliza e enfraquece as manifestações características de um Estado Democrático.
E nessa condição de degradação civilizatória, que afeta o cotidiano de nossas vidas e de nossas relações, chegamos ao Dia Internacional da Mulher, data cada vez mais lembrada como um dia para reivindicar igualdade de gênero e de direitos. Imprescindível se torna, então, o resgate de um lugar que corresponda à nossa história e que se materialize com conquistas, como a Lei Maria da Penha, as cotas na política, a tipificação no Código Penal do feminicídio, a eleição da primeira mulher Presidenta da República.
Avançamos. E há muito ainda por fazer. Ampliar a ascensão a cargos de chefia, equiparar salários, ocupar espaços de poder no Legislativo e no Judiciário conformam uma agenda que exige muita luta. A popularização do feminismo é importante, mas será ainda mais relevante na medida em que se vincule a uma plataforma de organização das mulheres por maior representação política, fortalecida pelo empoderamento de nossa atuação contra os retrocessos, pela vida das mulheres, por democracia e direitos.
O 8 de março de 2020 significa resistência. Mas também se caracteriza pela persistência, coragem, alegria, empoderamento das mulheres que constroem uma vida digna, coletiva e livre de cerceamentos, sejam pessoais, familiares, trabalhistas e/ou sociais.
Avante, companheiras! Que lutemos é imperativo! Porque lutar é substantivo feminino.
(*) Diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF)