Não, não me refiro a despontar dentre os preferidos, mas sim ter seu nome incluído pelas empresas de pesquisa naquela cartelinha que os entrevistadores apresentam aos eleitores para escolher um dos nomes como o seu candidato preferido.
Até que o período eleitoral seja oficialmente aberto, as empresas podem elaborar as pesquisas da forma como melhor lhe convier e oferecer aos potenciais clientes como desejar. É como, mais ou menos, a venda de um carro: pode ser quatro portas, conversível, diesel ou flex, quem manda é o cliente e, é claro, paga pelas suas escolhas.
Assim, aqui em Brasília, por exemplo, determinada empresa de pesquisa está cobrando R$ 6 mil aos potenciais candidatos a deputado distrital para que o nome de cada um deles apareça ao lado de outros quatorze. Somente esses quinze nomes,escolhidos pelos deuses do Olimpo das Pesquisas ou pelo tamanho da sua conta-corrente, serão submetidos à opinião popular.
Só eles serão testados junto ao público e é claro, quando o resultado da pesquisa vier a público nos meios de comunicação, qualquer um deles já estará entre os 15 notáveis da Capital. Se o candidato não estiver na relação não poderá mostrar a sua base seu potencial.
Mesmo preço e condições são ofertados aos candidatos a deputado federal. O custo para o Senado não é conhecido, mas não deve ser muito diferente do cobrado aos candidatos ao Buriti.
Considerando que nas eleições passadas passou de mil a quantidade de distritais que disputaram o pleito, esta pré-seleção da empresa de pesquisa já é uma forma de fazer com que o poder econômico interfira no processo eleitoral, antes mesmo dele ter início.
Governador
Pela tabela, a inserção do nome do candidato a candidato a governador custará R$ 2.500,00. Se o cliente desejar fazer algumas perguntas específicas, tipo qual deve ser a prioridade eleitoral dele, o que mais aflige o brasiliense, o que o eleitor acha disso ou daquilo outro, poderão ser acrescentadas até três perguntas. Com um custo extra, é claro. Uma pergunta custará mais R$ 2.500,00; duas perguntas requer mais R$ 6.500,00; e três perguntas, o custo adicional será de R$ 9.500,00.
Nas redes sociais
As redes sociais estão dando uma mãozinha àqueles que não desejam morrer nos custos das empresas de pesquisa. Para quem conta com o apoio de entidades corporativas fica ainda mais fácil. O presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Gutemberg Fialho, por exemplo, vale-se do mailing list da entidade que comanda para enviar uma rápida enquete aos médicos do DF. Ele busca saber se os entrevistados consideram importante para a categoria profissional dos médicos possuir uma representação parlamentar na Câmara Legislativa, o que acham dele, Guttemberg, candidatar-se a deputado distrital e por qual partido.
Lembrando que em 2014, Guttemberg foi candidato pelo PSB, mas depois brigou com Rodrigo Rollemberg. A iniciativa de Gutemberg em auscultar sua base profissional é interessante e até recomendável. Questionável é usar a estrutura do Sindicato dos Médicos que dirige para tal finalidade. O que dirão médicos igualmente candidatos por partidos diferentes?
Magela
Já o ex-deputado federal Geraldo Magela valeu-se de um vídeo postado em seu perfil no Facebook. Lá ele consulta seus seguidores na rede social se ele deveria voltar a se candidatar – Magela perdeu a eleição ao Senado para Reguffe – e para qual cargo. Quando esta coluna fechada, 5.780 pessoas tinha visto a gravação.
Magela, contudo, não está seguindo as recomendações de seus eleitores: 35.51% indicaram a candidatura a deputado federal; 26,17% a governador; e 23,36% a distrital. Magela, que já anunciou sua pretensão, ficou com o grupo menor e deve voltar à base política e se lançar a distrital.