Meu filho Cláudio Sampaio, advogado por vocação e poeta por inspiração, autor do livro de poemas Se o Mar te Trouxer, o primeiro de sua obra, já produziu um rol de lindas novas estrofes, suficiente para o lançamento de um segundo volume, no gênero, ainda sem título. Compreensivamente, ele está um tanto quanto preocupado com um detalhe, ao meu ver irrelevante: onde e a quem convidará para a sua Noite de Autógrafos, ciente de que esse tipo de literatura não atrai a presença de muitos interessados.
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E eu lhe dei exemplos de excelentes poetas que se tornaram imortais, de fato e de direito, não obstante nunca terem promovido os tais badalados lançamentos. Um deles foi o gaúcho Mário Quintana, considerado um dos maiores escritores brasileiros de sua geração, mas que sequer conseguiu uma vaga na Academia Brasileira de Letras, que abriga alguns pseudoimortais.
O que eu disse ao meu amado filho, transmito idem ao querido leitor, seja você jovem ou octogenário (a inspiração poética surge em qualquer idade cronológica): caso já tenha escrito ou pretenda escrever um livro de poemas. Esqueça a solenidade da tal Noite de Autógrafos. Imprima-o em tiragem pequena (sai quase de graça), o bastante para serem distribuídos nas bibliotecas de Brasília (há umas 200 funcionando, incluindo as de boas escolas).
E se sinta feliz porque um ou mais livros que são colocados na estante de uma biblioteca não morrerão jamais. Daqui a 100 ou 500 anos, poderão ser lidos e manuseados por um seu neto, bisneto, tataraneto ou amigos dos que foram seus amigos. Lembre que não foi por acaso que Castro Alves deixou uma mensagem inesquecível no fecho de um de seus poemas:
“Oh! bendito o que semeia, / livros, livros a mão cheia / e manda o povo pensar. / O livro caindo n´alma / é germe que faz a palma, / é chuva que faz o mar!”
Sinceramente, acredito que, mais do que nunca, a poesia está sendo tão necessária para rarefazer o ar cinzento e pesado dos debates dos candidatos em todo o País, neste segundo turno de eleições, só faltando um dos contendores declarar na proverbial linguagem parlamentar: “Vossa Excelência é um (a) grande filho (a) de uma égua!”
Como Quintana foi citado no primeiro parágrafo acima, na certa ele endereçou a esses tipos de políticos este oportuno recado:
“Hoje eu estou triste. / Estou triste porque vocês são burros e feios. / E não morrem nunca!”