No período que antecedeu às eleições presidenciais de 2018, era comum vermos militares, especialmente da reserva, incentivando os eleitores a votar no candidato Jair Bolsonaro, sob o argumento de que o governo seria formado majoritariamente por militares, os quais já tinham pronto um programa de governo.
Argumentavam que os militares eram excelentes planejadores e que, se o capitão fosse eleito, o País teria afinal um projeto de Nação. Sabíamos que isso era uma meia verdade, pois conhecíamos, por exemplo, o desastroso projeto da rodovia transamazônica e os respectivos assentamentos, planejados e executados de forma incompleta pelos governos militares.
Hoje, já no segundo ano da gestão Bolsonaro, de fato composto majoritariamente por militares, em especial generais reformados, perguntamos: Qual o projeto de Nação que foi esboçado pelo governo? E respondemos: Nenhum. Apenas têm os militares chancelando a política “entreguista” do presidente da República, subserviente aos EUA.
Avaliamos que os militares mais uma vez se deixaram inebriar pelo sonho do poder. Em nada têm eles contribuído para um governo voltado de verdade para os interesses do País. Temos presenciado tão somente a validação de uma política caótica, “entreguista”, que tem nos colocado de joelhos perante o poderoso EUA, sem nenhuma contrapartida. Ttudo que eles queriam.
Nada mais de estratégico temos a defender. Todos os ativos valorosos e os recursos naturais já não nos pertencem (empresas, minérios, petróleo etc). No cenário internacional, não temos mais uma política externa brasileira. Nos limitamos a concordar e a referendar tudo que é defendido pelos EUA, num alinhamento vergonhoso e sem reciprocidade.
Internamente, o único plano de Bolsonaro é a guerra contra a maioria dos governadores e a imprensa e com os denominados esquerdistas, o que gera um verdadeiro caos. A apregoada “nova política” mostrou-se uma farsa, um autêntico estelionato eleitoral, fato demonstrado, por exemplo, pela compra de votos para a aprovação das reformas trabalhista e da previdência social, bem como pela atual compra do apoio do denominado “Centrão”, grupo de parlamentares que se movem por interesses pessoais ou dos grupos econômicos que representam, em troca de dinheiro e cargos públicos.
As velhas práticas políticas estão mais vivas do que nunca. Enquanto o barco afunda, a esquerda desarticulada fica a perder tempo com coisas de somenos, cada um dos segmentos defendendo os seus próprios interesses. São incapazes de unir-se para articular uma oposição séria ao atual governo, que flerta com o golpismo, assim como para a formulação de um projeto de Nação que possa nos devolver a plena independência e soberania, hoje seriamente afetadas.