A garotada com menos de cinco anos de idade, que legalmente tem direito à gratuidade no transporte coletivo, vai ter que ficar ainda por algum tempo se rastejando por baixo das catracas e roletas de ônibus ou tendo que escalá-las. Tudo isso se deve a uma omissão das autoridades que regulam o transporte público do DF. Em setembro de 2015, o Conselho dos Usuários dos Transportes Urbanos da Candangolândia encaminhou sugestão ao DFTrans para criar um cartão para as crianças dessa faixa etária. Assim, elas poderiam usufruir o direito ao transporte gratuito, sem ter que “passar pelo constrangimento diário de ter que se rastejar por baixo dessas roletas” explica Eugênio Josino, membro do conselho e autor da proposta. Ele considera a prática “um tratamento degradante, além de submeter as crianças à sujeira e ao risco de se machucarem”.
O conselho encaminhou a proposta também à Câmara Legislativa onde virou projeto, mas nunca foi votado. Recentemente, o GDF anunciou que criaria o cartão, chegou a fazer uma arte final e apresentá-la publicamente, mas, segundo informa Josino, a ideia foi postergada para fevereiro do ano que vem. Até lá, a garotada com menos de cinco anos terá que se virar entre alpinista escalador de roleta ou rastejador.
Repetindo Agnelo
As propostas de alterações urbanísticas e a não priorização de políticas públicas foram algumas razões que levaram o então governador Agnelo Queiroz a perder apoio entre seus eleitores. Rodrigo Rollemberg, com seu slogan Geração Brasília, se beneficiou muito disso. Ao prometer uma postura diferenciada em relação a questões de mobilidade urbana, ocupação do solo, meio ambiente, preservação do projeto de Brasília, procurou se diferenciar do petista e angariou muitos votos.
Nova eleição está chegando, e Rollemberg repete os mesmos erros do antecessor. Conseguiu afastar dele diversos segmentos e entidades que o apoiaram. Tudo por fazer uma gestão que pouco se diferencia da de Agnelo.
Depois de representar contra o governador no Ministério Público, uma frente formada por quatorze entidades comunitárias e cinco movimentos sociais, lançou uma carta aberta à Brasília. Acusam o governo de insistir no adensamento urbano do DF, “sem o devido dimensionamento da demanda e desconsiderando a grave situação hídrica em que se encontra o DF.”
Rollemberg, que não ampliou um centímetro sequer da linha do metrô nem implantou o VLT, como prometido, é acusado de “na contramão da sustentabilidade urbana, favorecer o transporte individual motorizado, em detrimento do transporte coletivo.”
Crise Hídrica
Afirmam ainda que o GDF tem sido omisso na “adoção de ações governamentais efetivas para a proteção e recuperação de nascentes, cursos d’água e captação das águas das chuvas.” “Houve alguma preocupação e ações por parte dos organismos públicos para mobilizar a população no sentido de iniciar a captação de águas da chuva durante esse próximo período pluvial?” As entidades ainda assinalam descaso do GDF com a preservação e recuperação dos espaços culturais, como o Teatro Nacional, e com a preservação do conjunto urbanístico de Brasília. Pedem mais diálogo, transparência e, principalmente, respeito às entidades representativas dos brasilienses.