Maior partido do Distrito Federal em número de filiados (67.866) – o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) confirma ‘apenas’ 32.039 homologações –, o PT passa por um inédito processo de renovação de seus quadros. O movimento mais simbólico pode ocorrer na eleição do novo diretório regional, no próximo dia 6 de julho, simultaneamente à eleição da direção nacional.
Divididos em incontáveis tendências internas – incluindo aqueles que se autodeclaram ‘independentes’ –, nas quais se agrupam conforme as convicções ideológicas ou interesses sindicais, os petistas do DF orbitam, historicamente, nas últimas décadas, em torno das mesmas lideranças.
Mas, em busca de “sangue novo”, líderes como o atual presidente local, Jacy Afonso; os deputados Chico Vigilante e Gabriel Magno (distritais) e Erika Kokay (federal); o recém-chegado Marivaldo Pereira; entre outros, se uniram na defesa da candidatura a presidente da legenda no DF do jovem Guilherme Seixas, de 39 anos, filho do falecido ex-deputado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas.
“Não me coloquei como candidato. Mas, se for para trabalhar pela unidade e, inclusive, preparar o partido para o pós-Lula, meu nome está à disposição”, afirma Guilherme. Depois de se reunir com representantes de algumas tendências, na terça-feira (15), ele avaliou que, “em função dessas disputas internas, o partido se fragmentou e já sangrou muito. E se for para continuar como está, eu não tenho muito a oferecer”.
Empolgado com a perspectiva de renovação, Chico Vigilante, da Articulação Unidade na Luta, já se refere a Seixas como futuro presidente do PT-DF. “Vamos trabalhar para convencer os demais companheiros a formar consenso em torno do nome do Guilherme”, diz o distrital.
OXIGENAÇÃO – Recém-filiado ao partido – antes estava no PSol –, o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, pré-candidato a deputado federal, fechou questão no seu grupo, Mobilização de Luta Popular, em apoio a Seixas. “É fundamental essa oxigenação na legenda com a construção de novas lideranças”, avaliou, elogiando, ainda, o ingresso no PT da ex-reitora da UnB Márcia Abrahão.
Antigos militantes petistas, contudo, não estão dispostos, pelo menos num primeiro momento, a ceder ao “canto de sereia” do consenso pró-Guilherme Seixas. A sindicalista e ex-deputada distrital Rejane Pitanga, da tendência Construindo Um Novo Brasil (CNB), mantém a candidatura à cadeira hoje ocupada por Jacy Afonso.
“Me sinto absolutamente preparada e credenciada a essa disputa. Nesse momento de preparação para uma das disputas eleitorais mais acirradas, em 2026, o partido precisa do comando de alguém com experiência”, assegura a ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores no DF.
PÉ NA ESTRADA – A corrente CNB (Construindo um Novo Brasil) trabalha com a possibilidade de o ex-governador Agnelo Queiroz pleitear a presidência da legenda, com apoio do ex-suplente de senador Wilmar Lacerda. Na Democracia Socialista (DS), que tinha como expoente a ex-vice-governadora Arlete Sampaio, o bastão já foi passado para o distrital Gabriel Magno. Agora, o grupo é favorável a Seixas.
Quem não arreda pé é o ex-administrador de Taguatinga e do Cruzeiro Antônio Sabino, da tendência Bloco Popular e de Base (BPB). Ele colocou seu nome na semana passada, em entrevista ao site www.bsbcapital.com.br, e reitera que levará a disputa até o fim, sem possibilidade de consenso prévio. “A caminhada só começou. Depois que se põe o pé na estrada, olhar pra trás só pra ver a distância percorrida”.