Depois de dez meses, João Alvacir voltou a almoçar no Restaurante Comunitário de Ceilândia. Morador da cidade, o homem de 61 anos é frequentador assíduo do local. Em função da pandemia da Covid-19, o hábito de sentar nos mesões para comer ficou suspenso, mas uma série de medidas de segurança foi adotada nas 14 unidades para evitar a disseminação do coronavírus no retorno do atendimento presencial nesta segunda-feira (4). O GDF acompanha e cobra o cumprimento dos protocolos.
“Comer aqui é melhor, ainda está quentinha. A comida é gostosa, baratinha, ajuda muito a gente, mas tem que ter segurança para ninguém ficar doente”, afirma João Alvacir, desempregado há quatro anos. Ele aproveita os cardápios ao custo de R$ 1 há quase duas décadas. Desde março, só podia pegar marmitas e levar para casa. Agora, além de almoçar no buffet do restaurante, também pode carregar porções. Isso porque a prática de distribuir as refeições será mantida para quem preferir – em número ilimitado.
Estamos no caminho certo, seguindo os protocolos de segurança e nutricionais, e agregando na vida das pessoasNoemi Carvalho, gerente de Segurança Alimentar e Nutricional da Sedes
Todos os 14 restaurantes comunitários precisaram passar por adequação. As quatro empresas prestadoras de serviço receberam uma lista de medidas a serem adotadas e tiveram um mês para garantir a segurança de funcionários e usuários. Entre os protocolos, constam a fixação de pedidos para que os usuários coloquem as máscaras assim que terminarem de comer, a aferição de temperatura, o bloqueio de assentos de forma intercaladas, a instalação de totens de álcool gel e a sinalização no chão para manter o distanciamento.
Secretária Executiva da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), Ana Paula Marra acompanhou o primeiro dia de retomada de refeições presenciais na unidade de Ceilândia, e cobrou o cumprimento das medidas de prevenção. As empresas prestadoras de serviço que não estiverem em conformidade com as exigências serão notificadas formalmente e podem ser punidas.
“Tem pessoas que não têm onde comer. A reabertura vem para que quem precisa possa sentar e fazer sua refeição tranquilamente. Estamos trabalhando para cumprir todas as medidas de segurança para que ninguém tenha sequer que pegar a colher que o outro vai servir. A partir de hoje, é possível levar marmita para casa ou comer no local, sendo servido às pessoas que trabalham em cada unidade.”, explica a gestora.
23 mil No ano atípico em função da pandemia de Covid-19. o número de refeições subiu: de 21 mil refeições diárias servidas em 2019 para os mais de 23 mil no ano passado
De acordo com a gerente do Restaurante Comunitário de Ceilândia Larissa Gildino, os funcionários tiveram treinamento para reforçar os cuidados nessa nova fase de atuação durante a pandemia de Covid-19, já que passam a ter mais contato com a população. No local, grande parte das 2,2 mil refeições diárias são servidas para idosos, que compõem o grupo de risco da doença.
“Estamos no caminho certo, seguindo os protocolos de segurança e nutricionais, e agregando na vida das pessoas”, valoriza a gerente de Segurança Alimentar e Nutricional da Sedes, a nutricionista Noemi Carvalho. Ela lembra que as refeições são servidas a mais de 20 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social, incluindo a população em situação de rua que tem direito à refeição gratuita.
“Muitas dessas pessoas só têm alimento aqui. Todo mês as unidades recebem lista atualizada com nomes de beneficiários inscritos no Cras [Centro de Referência de Assistência Social] ou Creas [Centro de Referência Especializado de Assistência Social]”
Desde 21 de março de 2020, a área para a alimentação dos restaurantes permaneceu fechada e o público continuou sendo atendido, mas com aquisição de marmitas ilimitadas para serem consumidas em casa. No ano atípico em função da pandemia de Covid-19. o número de refeições subiu: de 21 mil refeições diárias servidas em 2019 para os mais de 23 mil no ano passado. No acumulado, passou de 6.5 milhões para mais de sete milhões.
A entrega das marmitas vai continuar ilimitada, mesmo com o retorno do serviço de buffet. Aos 82 anos, o aposentado Alcides Alexandrino da Silva diz que continuará buscando as refeições. Ele costuma levar o suficiente para mais de um dia. “Eu gosto demais da comida daqui, nunca tive o que reclamar. Com essa doença [a Covid-19], uso máscara, álcool e prefiro comer em casa”, conta.
Serviço
As 14 unidades funcionam de segunda a sábado para o almoço, das 11h às 14h. Também servem café da manhã os restaurantes do Sol Nascente/Pôr do Sol (das 7h às 9h), do Paranoá (das 7h às 8h30) e de Brazlândia (das 6h30 às 8h30).