Sinpro-DF
Na semana passada, generais ligados ao presidente Jair Bolsonaro e ao vice, Hamilton Mourão, lançaram um documento intitulado “Projeto de Nação – O Brasil em 2035”, com o qual traçam um projeto de ditadura militar para o País, a começar este ano.
Com 93 páginas, o documento desenha um aparato de estrutura político-estratégica que extingue a Constituição de 1988 e prevê o fim da democracia. Na avaliação do Sinpro-DF, trata-se de um documento com graves ameaças às eleições de 2022 e que precisa ser combatido.
Para o Sindicato, o documento rompe com a normalidade democrática, institui a ditadura militar, o autoritarismo e a repressão; elimina direitos trabalhistas; privatiza patrimônios públicos; mercantiliza direitos fundamentais e humanos contidos na Constituição; e, sobretudo, extingue a democracia.
Assinado por três organizações militares, o “Projeto de Nação” foi lançado em Brasília com a música “Eu te amo, meu Brasil”, insistentemente tocada nos veículos de comunicação nos anos 1970 pela ditadura instalada pelo golpe de 1964.
Privatização da educação básica e superior
Na avaliação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), “o projeto é reacionário, com o pensamento voltado apenas para as classes dominantes e não prevê um projeto de nação”. Para a entidade, o conteúdo mostra, claramente, que se ele for implantado terá um imenso impacto negativo na educação básica e superior porque aprofunda as medidas neoliberais impostas pelo golpe de Estado de 2016.
“É a continuação e o aprofundamento das medidas neoliberais que já vêm ocorrendo no Brasil e em outros países da América Latina, principalmente sobre educação básica e superior. Se na educação superior pública eles aprovam e querem a cobrança de mensalidade, a educação básica, segundo o projeto dos militares, passa pela privatização e mercantilização ainda mais profunda. Portanto, só vai ter acesso à educação no Brasil quem tiver condições financeiras”, denuncia Luiz Carlos Vieira, diretor de Imprensa e Divulgação da CNTE.
Os militares projetam privatizar o Sistema Único de Saúde até 2025. Ou seja, daqui a três anos o País não terá mais saúde pública e, sim, somente, privada. O professor Vieira afirma que é um plano para dar continuidade ao bolsonarismo, diante do que está colocado. Esse pensamento que une o neoliberalismo, o conservadorismo e as fake news, com tendência ditatorial e que tem alguns apoiadores no Brasil.
“Porém, sabemos que o processo eleitoral está muito perto, que essa visão que eles colocaram no documento não terá condições de fazer a sua propaganda de fato e convencer a população de que essa é a saída proposta por eles. Se, de fato, for implantado, é o fim da democracia e dos processos eleitorais brasileiros, não só o deste ano”.
Para Viera, as eleições brasileiras passarão a ser mera formalidade. “O que está colocado claramente é que aquilo que os militares chamam de democracia, nada mais é do que uma ditadura militar disfarçada”.